sexta-feira, dezembro 26, 2008

# CCLXXXI - Que tenhas um 2009...


[Casa, Dezembro de 2008]




... GENUÍNO!



Como o crepitar de uma lareira, aquecendo toda a sala.
Como a escrita lúcida, inspirada e inspiradora de Murakami.
Como um cantar de Trás-os-Montes.





O novo ano está quase a chegar, mas o antigo arrasta ainda os seus pesados contornos. Tal como a água do mar e a água do rio medem forças na foz do rio, o velho ano e o novo ano lutam e misturam-se. Ninguém sabe dizer ao certo de que lado do tempo se situa o seu centro de gravidade.

[Adaptado de After Dark / Haruki Murakami, 2007]







[Esta noite foi à ronda - Duas Igrejas / Felisbina Sampedro]

quinta-feira, dezembro 25, 2008

# CCLXXX - Correr, ao som de uma boa canção.


[ Correr...mudar as cores - Dez'08]




Há canções que, pelo menos durante uns tempos, assumem o epíteto de "Perfeitas". Simples, são sempre de uma simplicidade gritante as canções (temporariamente) perfeitas.


2008 trouxe-nos os Fleet Foxes, com esta canção. Que é daquelas de que falava... por enquanto. Vicia, a cadência...


Apetece-me levá-la comigo. Na corrida.


[Fleet Foxes - White Winter Hymnal]


I was following (...) the pack
All swallowed in their coats
With scarves of red tied ’round their throats
To keep their little heads
From fallin’ in the snow
And I turned ’round and there you go
And, Michael, you would fall
And turn the white snow red as strawberries
In the summertime





segunda-feira, dezembro 22, 2008

# CCLXXIX - Um Natal ... Bem Bom!


[Um mesmo Natal, muitas realidades - Ainda das imagens recolhidas na R. Miguel Bombarda - The famous...]


A todos os que por aqui vão passando, desejo uns tempos tranquilos, temperados com o que de melhor há.

E, porque o Natal é uma especificidade por demais particular, desta vez fica um instrumental em partilha. Se tiverem curiosidade, podem ouvi-lo vocalizado, por exemplo, em http://br.youtube.com/watch?v=8wpovHCGGuo





domingo, dezembro 07, 2008

# CCLXXVIII - Weeds


[Uma série viciante...]


Casualmente, apanhei um ou outro episódio na RTP2.
Quando tive acesso à série, comecei a ver, episódio por episódio. Fui vendo, gostando, vendo, amando, vendo, viciando-me...

É excelente a trama. Excelentes os desenvolvimentos, a banda sonora, a imaginação, o humor...

Aconselho VIVAMENTE!

A canção de abertura da série remete para a massificação ou, até mais, para a formatação que muitos sofremos. As mesmas vivências, os mesmos percursos que se eternizam, os mesmos problemas, as mesmas "vidinhas" que se replicam. A aldeia global, no seu pior.

O conceito usado no que toca ao tema de abertura foi soberbo. Enquanto que na primeira série, todo o tema foi o da versão (original - é ela a autora do tema) da Martina Reynolds nas segunda e terceira séries foram usadas várias versões deste tema [ 2×01:Elvis Costello 2×02:Death Cab for Cutie 2×03:Engelbert Humperdinck 2×04:Kate & Anna McGarrigle 2×05:Charles Barnett 2×06:Aidan Hawken 2×07:Ozomatli 2×08:The Submarines 2×09:Tim DeLaughter Polyphonic Spree 2×10:Regina Spektor 2×11:Jenny Lewis and Johnathan Rice 2×12:Malvina Reynolds 3×01:Randy Newman 3×02:Angelique Kidjo 3×03:Kinky 3×04:Donovan 3×05:Billy Bob Thornton 3×06:The Shins 3×07:The Individuals 3×08:Man Man 3×09:Joan Baez 3×10:The Decemberists 3×11:Michael Franti 3×12:Persephone's Bees 3×13:Laurie Berkner 3×14:Linkin Park 3×15:Malvina Reynolds (abertura)& Pete Seeger (fecho) ].

Entretanto, investigando um pouco mais sobre este tema, descobri que há versões em várias línguas (mesmo de leste!). Em Francês, por Graeme Allwright "Petites boîtes", em Castelhano, por Victor Jara "Las Casitas del Barrio Alto", por Adolfo Celdrán "Cajitas", em Português, pela Nara Leão, etc., etc, etc., ...






------------------


Malvina Reynolds

Little boxes on the hillside,
Little boxes made of ticky-tacky,
Little boxes, little boxes,
Little boxes, all the same.
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.

And the people in the houses
All go to the university,
And they all get put in boxes,
Little boxes, all the same.
And there's doctors and there's lawyers
And business executives,
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.
And they all play on the golf-course,
And drink their Martini dry,
And they all have pretty children,
And the children go to school.
And the children go to summer camp
And then to the university,
And they all get put in boxes
And they all come out the same.

And the boys go into business,
And marry, and raise a family,
And they all get put in boxes,
Little boxes, all the same.
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one
And they're all made out of ticky-tacky
And they all look just the same.

------------------


CASITAS DEL BARRIO ALTO

Victor Jara (Chile)


Las casitas del Barrio Alto
con rejas y antejardin,
una preciosa entrada de autos
esperando un Peugeot.
Hay rosadas, verdecitas,
blanquitas y celestitas,
las casitas del Barrio Alto
todas hechas con resipol.
Y las gentes de las casitas
se sonrien y se visitan.
Van juntitos al supermarket
y todos tienen un televisor.
Hay dentistas, comerciantes,
latifundistas y traficantes,
abogados y rentistas.
Y todos visten policron,
juegan bridge, toman martini-dry.
Y los niños son rubiecitos
y con otros rubiecitos
van juntitos al colegio high.
Y el hijito de su papi
luego va a la universidad
comenzando su problematica
y la intringulis social.
Fuman pitillos en Austin mini,
juegan con bombas y con politicos,
asesina generales,
y es un gangster de la sedicion.
Y las gentes de las casitas
se sonrien y se visitan.
Van juntitos al supermarket
y todos tienen un televisor.
Hay rosadas, verdecitas,
blanquitas y celestitas,
las casitas del Barrio Alto,
todas hechas con resipol.

------------------



Uma caixa bem na praça, uma caixa bem quadradinha
Uma caixa, outra caixa, todas elas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e uma bem amarelinha
Todas elas feitas de tic tac, todas elas iguaizinhas

As pessoas nessas casas vão todas pra universidade
Onde entram em caixinhas quadradinhas iguaizinhas
Saem doutores, advogados, banqueiros de bons negócios
Todos eles feitos de tic tac, todos, todos iguaizinhos

Jogam golf, jogam pólo, bebendo um bom martini dry
Todos têm lindos filhinhos bonitinhos e engomadinhos
As crianças vão pra escola, depois pra universidade
Onde entram em caixinhas e saem todas iguaizinhas

Os rapazes ficam ricos e formam uma família
Todos eles em caixinhas, em casinhas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e outra bem amarelinha
E são todas feitas de tic tac, todas, todas iguaizinhas


------------------

Fica a tocar a versão da Regina Spektor, com a letra (quase) fiel à original :









sexta-feira, novembro 21, 2008

# CCLXXVII - São precisos dois, nesta dança


[Por que não olhar e sentir? - The Famous Miguel Bombarda, 08.Nov.2008]



A beleza da simplicidade... Mallu Magalhães, uma voz nova no pedaço, transmite-o bem. E sempre gostei desta frase : It takes two to Tango.


Sheriff's boot heel
Scratching the swingadella's dance floor
What else could she feel?
But fear, if she can't dance no more

On way back home wonders meeting all
Those guys from the folk band
"One day I'll be as tall
as I'll be their friend."

She woke up smiling,
Her night was good and long
She bought a country dream
And paid with a folk song

In the other night
She came back even from far
Held the seller tight
After recognizing his guitar

"so that's you, singing and selling !"
she said " I cant believe I've found
someone like you around."

(the morning)

for her a cup of coffee
before the singing of the
stinger night gale
for him an old city
as scenery to his dreams for sale

after that day
they get close in each other's strings
but if he doesn't play
she doesn't dream

sweet time came
time to sing love rhymes
no days were the same
Daily art was dropping lines

Between doors, walls and chords,
Became a time he remembers
From which he says "I miss you so"
I believe that's because
It takes two tango

Than he walks to boozery
Enjoys alone folknocracy
I believe that's because
It takes two tango

Than he walks to boozery
Enjoys alone folknocracy
Write songs telling why he got blindo
And forgets It takes two to tango

He tried to make it clear
but she was almost forgetting
about confusion
It was like she was a bootleg
and the old trunk was just illusion

stars from constellations
were the only thing could guide her gold
he made it hard again
after telling her swallowing stories
from dreams he sold.

Than he walks to boozery
Enjoys alone folknocracy
Write songs telling why he got blindo
And forgets It takes two to tango





sexta-feira, novembro 14, 2008

# CCLXXVI - O que faria?

.
.
.


[Despedir-se-ia assim? - The Famous Miguel Bombarda, 08.Nov.2008]



Sem sabermos, o dia correrá do jeito de sempre.
E se soubéssemos, o que mudaríamos? Seria só nesse dia?


----<@


Último Dia
Paulinho Moska

Composição: Paulinho Moska e Billy Brandão

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?

Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia?
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia?

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?

Corria pr'um shopping center
Ou para uma academia?
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia?

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?

Andava pelado na chuva?
Corria no meio da rua?
Entrava de roupa no mar?
Trepava sem camisinha?

Meu amor
O que você faria?
O que você faria?

Abria a porta do hospício?
Trancava a da delegacia?
Dinamitava o meu carro?
Parava o tráfego e ria?

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria...



sábado, novembro 08, 2008

# CCLXXV - Embora não pareça

.
.
.


[Música, anjos e luz... - Nov/08]


Dizem que este não são os Madredeus. Que com a saída da Teresa Salgueiro, acabaram de vez.
Pois eu gosto deste formato novo. Até confesso que o anterior já me cansava.
Ainda há muita sonoridade colada aos formatos prévios da banda (ou do Pedro Ayres de Magalhães?) - mas também há inovações.
Ora ouçam lá esta Caipirinha ;)






domingo, novembro 02, 2008

# CCLXXIV - Maior e vacinado, e...

.
.
.



[Com a espada entre mãos... - Porto, Out'08]



Assumindo a solo, ou pelo menos em nome próprio, João Gil regressa ao mercado dos Sonhos & Emoções, com um novo trabalho em que, como habitualmente, nos brinda com canções das que nos acompanharão por muito tempo.


Claro que, como canta a Bethânia, há canções e há momentos... neste momento, esta canção é bem-vinda!



---<@




Tudo Contigo
[João Gil]


{refrão}:
Porque é que tudo me acontece contigo?
Porque é que fico alucinado?
Porque é que fico um puto à beira do perigo,
Se sou maior e vacinado?

Briguei de cobra, cantei de cuco,
Fiz um discurso aos sapais.
Disse o teu nome feito maluco,
Na fala dos animais

Porque é que tudo, tudo,
Mas tudo me acontece?
Quando só me apetece...
Seguir o mapa dos teus sinais.

{refrão}

Porque é que tudo, tudo,
Mas tudo me acontece?
Quando só me apetece...
Ser um presépio contigo ao lado.

Cheirei de rosa, fiz de palmeira,
Rastejei de erva no chão.
Nas tuas pernas fui trepadeira
Até ao teu coração.

Na na na na...

{refrão}2xxx

Porque é que tudo, tudo,
Mas tudo me acontece?
Quando só me apetece... me apetece...
Ser um presépio contigo ao lado.








sexta-feira, outubro 24, 2008

sábado, outubro 18, 2008

# CCLXXII - Se...

.
.
.

[Casa, hoje]

... eu tivesse uma garrafa assim, seria(mos) mais felizes?



---<@


Time in a bottle - Jim Croce


If I could save time in a bottle
The first thing that I'd like to do
Is to save every day
Till eternity passes away
Just to spend them with you

If I could make days last forever
If words could make wishes come true
I'd save every day like a treasure and then,
Again, I would spend them with you

But there never seems to be enough time
To do the things you want to do
Once you find them
I've looked around enough to know
That you're the one I want to go
Through time with

If I had a box just for wishes
And dreams that had never come true
The box would be empty
Except for the memory
Of how they were answered by you

But there never seems to be enough time
To do the things you want to do
Once you find them
I've looked around enough to know
That you're the one I want to go
Through time with




domingo, outubro 12, 2008

# CCLXXI - Vindimando recordações

.
.
.



[Da ramada do meu pai]



Há vinte anos Carlos Paião comovia um país inteiro com a sua morte. Em 1983, com a Cândida Branca Flor, levava ao festival aquela que se tornou uma das suas mais conhecidas canções : Vinho do Porto. O festival da canção era um acontecimento nacional e o país parava para ver tal coisa na RTP. Lembro-me das roupas espalhatafosas e do ritmo alegre do tema. Nessa altura, a letra passava-me completamente ao lado. E a riqueza da letra, traduzindo um olhar atento e uma sensibilidade apurada, merece bem que se lhe dê atenção! Carlos Paião era um capturador das almas dos que o rodeavam.


Em boa altura, lembraram-se de fazer um disco de homenagem ao artista, com novas interpretações/roupagens de alguns dos seus trabalhos. Ao ouvir a versão do Vinho do Porto, pelos "meus" Donna Maria, regressaram memórias guardadas algures num qualquer recanto da mente - que interpretação tão bem conseguida esta! À cadência, que Carlos Paião lhe dera, de comboio percorrendo os montes enriquecidos com as vinhas, os Donna Maria acrescentaram uns laivos de tango e modernidade.

Atentei, pois, também na letra, desta vez. Continua pertinente (e de que maneira...) - Há-de haver Porto / para o desconforto / Para o que anda torto / neste navegar basta querermos "entornar a pequenez".





-----<@


Vinho do Porto
Carlos Paião - Interpretação dos Donna Maria


Primeiro a serra semeada terra a terra
Nas vertentes da promessa, nas vertentes da promessa
Depois o verde que se ganha ou que se perde
Quando a chuva cai depressa, quando a chuva cai depressa
E nasce o fruto quantas vezes diminuto
Como as uvas da alegria, como as uvas da alegria
E na vindima vão as cestas até cima
Com o pão de cada dia, com o pão de cada dia

Suor do rosto pra pisar e ver o mosto
Nos lagares do bom caminho, nos lagares do bom caminho
Assim cuidado faz-se o sonho e fermentado
Generoso como o vinho, generoso como o vinho
E pelo rio vai dourado o nosso brio
Nos rabelos duma vida, nos rabelos duma vida
E para o mundo vão garrafas cá do fundo
De uma gente envaidecida, de uma gente envaidecida

Vinho do Porto, vinho de Portugal
E vai à nossa,à nossa beira mar
À beira Porto, à vinho Porto mar
Há-de haver Porto, para o nosso mar

Vinho do Porto, vinho de Portugal
E vai à nossa, à nossa beira mar
À beira Porto, à vinho Porto mar
Há-de haver Porto, para o desconforto
Para o que anda torto, neste navegar

Por isso há festa não há gente como esta
Quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão
Vem a fanfarra, os míudos, a algazarra
Vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão
E são atletas, corredores de bicicletas
E palavras indiscretas na boca de algum rapaz
E as barracas mais os cortes nas casacas
Os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz

Vinho do Porto vou servi-lo neste cálice
Alicerce da amizade em Portugal
É o conforto de um amor tomado aos tragos
Que trazemos por vontade em Portugal
Se nós quisermos entornar a pequenez
Se nós soubermos ser amigos desta vez
Não há champanhe que nos ganhe
Nem ninguém que nos apanhe
Porque o vinho é português







domingo, outubro 05, 2008

# CCLXX - Por terras d'Além...

.
.
.


[... perto da pureza das terras verdadeiras! - Hoje, em passeio]



Um fim de semana bem diferente. Paisagens de cortar a respiração. Histórias de entristecer qualquer um.

E uma canção a servir de banda sonora, a tudo o que entrava alma dentro. Concretamente, esta dos Quadrilha, lembrada também pela indicação na placa.

Um pedaço do paraíso experienciado. Obrigado, Z&M.



-----<@


Hino à Ponte da Misarela
Letra de Sebastião Antunes
Quadrilha



Levanta-se a mulher noite calada,
Como se a manhã já estivesse a chegar.
Vai a ver dos auxílios do azeite,
Já tem mais de mil quebrantos p'ra rezar.
Não se tem prenha por nada, não se alegra;
Já não sei que mais lhe eu faça p'ra a alegrar;
O diabo é que a barriga não lhe medra
De tão triste que ela anda, já se anda a desesperar.




E quando vier a noite escura
Havemos de ir os dois à Misarela
Que o menino venha breve, são e salvo
E que ninguém tenha pragas p'ra lhe rogar
E que a desgraça não nos entre casa dentro:
Cruzes, credo, nem por nada!
E que se acabe o mal que nós temos passado
E que haja alguém que lá passe p'ró baptizar
E que o remédio seja santo
Quando formos à ponte da Misarela.




Mal a noite caia pelos penedos
Vamos lá mas não o contes a ninguém!
Havemos de esperar um viajeiro
Que nos baptize o menino ainda na mãe;
Se for moça há-de chamar-se Senhorinha
Se for homem o nome há-de ser Gervaz
Tantas vezes me endoidei no corpo dela
Hoje vou à Misarela, já nem hei-de olhar p'ra trás!

-----


Nota : No final da canção, que podem ouvir clicando no play ;), ouve-se o Sebastião Antunes a anunciar a canção seguinte do cd Quadrilha - Deixa que Aconteça [Ao Vivo - 2007] - Um MUST HAVE em qualquer boa colecção de discos!







Parte da lenda pode ser conhecida aqui :


quarta-feira, outubro 01, 2008

# CCLXIX - No dia Internacional da Música

.
.
.


[Autoria desconhecida]






Este dia, de celebração de uma das melhores coisas do mundo, não podia passar despercebido no 4thefun.

Teria que ser algo de muito especial, algo com laivos de Jazz, uma voz feminina, uma interpretação ao vivo, um tema dos que me são mais caros...

Trouxe Alberta Hunter, no festival de Jazz de Berlin, em 1982, numa interpretação do sublimemente belo "How deep is the ocean", de Irvin Berlin.

[ ´cause I know you love music, real music ]





How Deep Is The Ocean letra de Irving Berlin
Interpretação : Alberta Hunter

How much do I love you?
I'll tell you no lie
How deep is the ocean?
How high is the sky?

How many times a day do I think of you?
How many roses are sprinkled with dew?

How far would I travel
To be where you are?
How far is the journey
From here to a star?

And if I ever lost you
How much would I cry?
How deep is the ocean?
How high is the sky?








segunda-feira, setembro 29, 2008

# CCLXVIII - Paz!

.
.
.


[Ar_te - em cada olhar - num mural de uma terra próxima da Figueira da Foz]


Quando conseguimos desejar a todos os que passaram pela nossa vida, com mais ou menos intensidade, e que conseguiram deixar-nos impregnada a sua marca... sentimo-nos EM PAZ!


Esta é a minha leitura da canção que hoje contigo partilho: "Quem não sabe, ensina" do Tiziano Ferro.


---<@



Chi Non Ha Talento Insegna
Composição e interpretação: Tiziano Ferro

Arriverà stringendomi

Ed io sarò già li
E sentirò i sintomi
E non mi tradirà
Ma in fondo chi non ha talento insegna
E quindi adesso imparerò da te
Mai un briciolo di affetto
Decidere di cedere fu matto
Per me con te e

Chi si è pentito chi mi ha baciato
Buonanotte a te
Buonanotte a te
Che mi hai richiamato
e maltrattato buonanotte a te
Buonanotte a me

Riposerà tra gli angeli
Stringendo forte a sé
Il cuore e le parole e
E non come fai tu
Ma in fondo chi non ha talento insegna
E imparerò a non fare come te
3 baci dentro un letto
che poi a baciare manco sei un portento

Chi si è pentito chi mi ha baciato
Buonanotte a te
Buonanotte a te
Che mi hai richiamato
e maltrattato buonanotte a te
Buonanotte a me

Chi si è pentito chi mi ha baciato
Per chi ha sorriso, chi un poÂ’ meno
Buonanotte a te
E buonanotte a quelli come me
quelli come me





quarta-feira, setembro 24, 2008

# CCLXVII - Teremos/Seremos amigos... amigos assim?

.
.
.


[Verão de 2008, tarde de piscina]

Sempre que errasse - nos amores, nas escolhas, nas decisões, ... - gostava de ter amigos assim. Dos que o Renato Russo canta, num inglês irrepreensível. A alma dos Legião Urbana, a solo.

---<@

Renato Russo - Old Friend

Everytime I've lost another lover
I call up my old friend
And I say let's get together
I'm under the weather
Another love has suddenly come to an end

And he listens as I tell him my sad story
And wonders at my taste in men
And he wonders why I do it
And the pain of getting through it
And he laughs and says: "You'll do it again !"

And we sit in a bar and talk till two
'Bout life and love as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change

And I ask him if his life is ever lonely
And if he ever feels despair
And he says he's learned to love it
'Cause that's really all part of it
And it helps him feel the good times when they're there

And we sit in a bar and talk till two
'Bout life and love as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change

And we wonder if I'll live with any lover
Or spend my life alone
And the bartender is dozing
And it's getting time for closing
So we figure that I'll make it on my own

But we'll meet the year we're sixty-two
And travel the world as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change





sábado, setembro 20, 2008

# CCLXVI - Para a Manu

.
.
.


[Num azulejo da Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento, em Sto Tirso]


Quando Paulo Vanzolini escreveu este samba (Volta por cima), no ido 1962, encontrou alguma dificuldade em encontrar quem o quisesse gravar. Não o achavam muito comercial...
Mais tarde, quando foi gravado, teve tal sucesso que ficou conhecido pelo "samba do Vanzolini". Teve ainda outra responsabilidade - acrescentou ao Aurélio (o mais conhecido e respeitado dicionário do Brasil) a expressão "dar a volta por cima".

O poema do Torga fala da capacidade de renascer. O que conta é o que a cepa resguarda.


As duas referências remetem-me, uma vez mais, para a resiliência. E isso, minha querida Manu, é muito teu.




-----<@


VOLTA POR CIMA
(Paulo Vanzolini)

Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Venha lhe dar a mão
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima





Aqui, cantada pela poderosa Maria Bethânia:



sábado, setembro 13, 2008

# CCLXV - Sim ou não? Não!

.
.
.

[Portão, Agosto'07]



Agradam-me os filmes que me fazem pensar. Gosto dos livros que me provocam, inquietam ou trazem acrescentos à minha mundivivência.

Com as canções, passa-se o mesmo. Deixo-me "ir" nas que contam estórias. Assim, as letras das canções merecem-me uma atenção especial. E há canções que me prendem por aí. Muitas.

A maiorias das que vinham do Brasil tinha esta característica fortemente marcada. E lembro-me das que a Bethânia cantava, das que o Chico Buarque escrevia, por exemplo, e de pensar " São mesmo letras soberbas!"

Esta que a Zélia Duncan canta cai nesse rol...

A Companheira
Luiz Tatit

eu ia saindo, ela estava ali
no portão da frente
ia até o bar, ela quis ir junto
"tudo bem", eu disse
ela ficou super contente
falava bastante,
o que não faltava era assunto

sempre ao meu lado,
não se afastava um segundo
uma companheira que ia a fundo
onde eu ia, ela ia
onde olhava, ela estava
quando eu ria, ela ria
não falhava

no dia seguinte ela estava ali
no portão da frente
ia trabalhar, ela quis ir junto
avisei que lá o pessoal era muito exigente
ela nem se abalou
"o que eu não souber eu pergunto"

e lançou na hora mais um argumento profundo
iria comigo até o fim do mundo

me esperava no portão
me encontrava, dava a mão
me chateava, sim ou não?
não

de repente a vida ganhou sentido
companheira assim nunca tinha tido
o que pinta sempre é uma coisa estranha
é companheira que não acompanha

isso pra mim é felicidade
achar alguém assim na cidade
como uma letra pra melodia
fica do lado, faz companhia

pensava nisso quando ela ali
no portão da frente
me viu pensando, quis pensar junto
"pensar é um acto tão particular do indivíduo"
e ela, na hora "particular, é? duvido"

e como de facto eu não tinha lá muita certeza
entrei na dela, senti firmeza
eu pensava até um ponto
ela entrava sem confronto
eu fazia o contraponto
e pronto

pensar assim virou uma arte
uma canção feita em parceria
primeira parte, segunda parte
volta o refrão e acabou a teoria
pensamos muito por toda a tarde
eu começava, ela prosseguia
chegamos mesmo, modéstia à parte
a uma pequena filosofia

foi nessa noite que bem ali
no portão da frente
eu fiquei triste, ela ficou junto
e a melancolia foi tomando conta da gente
desintegrados, éramos nada em conjunto
quem nos olhava só via dois vagabundos
andando assim meio moribundos
eu tombava numa esquina
ela caía por cima
um coitado e uma dama
dois na lama

mas durou pouco, foi só uma noite
e felizmente
eu sarei logo, ela sarou junto
e a euforia bateu em cheio na gente
sentíamos ter toda felicidade do mundo
olhava a cidade e achava a coisa mais linda
e ela achava mais linda ainda

eu fazia uma poesia
ela lia, declamava
qualquer coisa que eu escrevia
ela amava

mas isso também durou só um dia
chegou a noite acabou a alegria
voltou a fria realidade
aquela coisa bem na metade
mas nunca a metade foi tão inteira
uma medida que se supera
metade ela era companheira
outra metade,
era
eu
que
era



terça-feira, setembro 09, 2008

# CCLXIV - Duetos fabulosos - Mariza & Miguel Poveda

.
.
.


[Ponte de Lima, Agosto'08]




Claro que o conjunto vale sempre muito mais que a soma das partes individuais... pelo menos na música. É lindíssima esta junção de vozes, de masculino e feminino, de linguas, de culturas, de estilos musicais... debaixo de um mesmo sentir.





Meu Fado Meu
Paulo de Carvalho

Trago um Fado no meu canto,
Canto a noite até ser dia
Do meu povo trago o pranto
No meu canto a Mouraria
Tenho saudades de mim
Do meu amor mais amado
Eu canto um país sem fim
O mar, a terra, o meu Fado
Meu Fado meu
De mim só me falto eu
Senhora da minha vida
Do sonho, digo que é meu
E dou por mim já nascida
Trago um Fado no meu canto
Na minh’alma vem guardado
Vem por dentro do meu espanto
À procura do meu Fado
Meu Fado meu





sexta-feira, setembro 05, 2008

# CCLXIII - Sonho ou ilusão?

.
.
.


[Março, 2008]



Os céus mais escuros também se deixam atravessar pelo sol, permitindo-se rasgar por entre as nuvens e levar alguma luz e um pouco de calor aos que sobrevivem imersos em escuridões.

Que diferença abismal entre um sonho e uma ilusão...




Julieta Venegas com participação de Marisa Monte - Ilusión


Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
E que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz
Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de ser la feliz

Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue.



letra de Julieta Venegas, Ilusión



terça-feira, setembro 02, 2008

# CCLXII - Sabes pois...

.
.
.
.



[S. Miguel, Abril de 2007]





Kátia Guerreiro - Talvez não saibas [Joaquim Pessoa]



Talvez não saibas mas dormes nos meus dedos
aonde fazem ninho as andorinhas
e crescem frutos ruivos e há segredos
das mais pequenas coisas que são minhas.

Talvez tu não conheças mas existe
um bosque de folhagem permanente
aonde não te encontro e fico triste
mas só de te buscar fico contente.


Talvez não saibas mas digo que te amo
e construí no mar a nossa casa.
Que é por ti que pergunto é por ti que chamo
se a noite estende em mim a sua asa.



Talvez não compreendas mas o vento
anda a espalhar em ti os meus recados,
e que há um pôr-do-sol no pensamento
quando os dias são azuis e perfumados.

Oh meu amor, quem sabe se tu sabes
sequer se em ti existo ou sou demora,
ou sou como as palavras, essas aves
que cantam o teu nome a toda a hora.


Talvez não saibas mas digo que te amo
e construí no mar a nossa casa.
Que é por ti que pergunto é por ti que chamo
se a noite estende em mim a sua asa.








domingo, agosto 31, 2008

# CCLXI - Mas por que é que eu recuso / quem quer dar-me a mão

.
.
.
.

[Há mãos assim...]





... e há gente assim, com dias em que sentem vontade de "ir, correr o mundo e partir", "feito um pé-de-vento".


Noutros, cansam-se. Têm dificuldade em entender casulos que, mais que protegerem, limitam.


Coisas de pele, dir-lhes-ão. E falar-lhes-ão dos dois cérebros que carregam, um dos quais ocupando o lugar onde habitualmente está alojado o coração.


E insistirão na vidinha que levam, deixando a vida passar-lhes ao lado.


"E vem-nos à memória uma frase batida" - ninguém pode dar o que não tem.


Insistência, persistência, teimosia ou pura estupidez? Essa sua estupidez? Esta minha estupidez?



----<@


ESTOU ALÉM

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde

Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas por que é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar
O meu mundo
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só quero estar
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

António Variações - interpretado pelos Donna Maria.








sexta-feira, agosto 22, 2008

# CCLX - Continuando em ritmos de Verão...

.
.
.



[Verão de 2008, sombra colorida]

Conheci este tema há dias. Enérgico, entusiasmante, com mensagem q.b.
Canta-me, canto-o, ...
Um dos (meus) temas deste Verão.


Sheryl Crow, de volta ao seu melhor:



Out Of Our Heads

Lyrics: Bottrell/Crow Music: Bottrell

If you feel you want to fight me
There's a chain around your mind
Something is holding you tightly
What is real is so hard to find

Losing babies to genocide
Oh where's the meaning in that plight
Can't you see that we've really bought into
Every word they proclaimed and every lie, ooohh

If we could only get out of our heads, out of our heads
And into our hearts
If we could only get out of our heads, out of our heads
And into our hearts

Ooohh

Someone's feeding on your anger
Someone's been whispering in your ear
You've seen his face before
You've been played before
These aren't the words you need to hear

Through the dawn of darkness blindly
You have blood upon your hands
All the world will treat you kindly
But only the heart can understand, ooohh understand

If we could only get out of our heads, out of our heads
And into our hearts
Children of Abraham lay down your fears, swallow your
tears and look to your heart

If we could only get out of our heads, out of our heads
And into our hearts
Children of Abraham lay down your fears, swallow your
tears and look to your heart

Ooohh


Every man is his own prophet
Ooohh every prophet just a man
I say all the women stand up, say yes to themselves
Teach your children best you can

Let every man bow to the best in himself
We're not killing anymore
We're the wisest ones, everybody listen
'Cause you can't fight this feeling anymore, ooohh anymore

If we could only get out of our heads, out of our heads
And into our hearts
Children of Abraham lay down your fears, swallow your
tears and look to your heart

If we could only get out of our heads, out of our heads
And into our hearts
Children of Abraham lay down your fears, swallow your
tears and look to your heart









terça-feira, agosto 19, 2008

# CCLIX - Ritmos de Verão

.
.
.


[Praia, Agosto de 2008 - Mãos em areia]

Há coisas boas nos tempos de férias conjuntas. Por exemplo, brincar com as mãos do filhote, mimando-o por entre a areia.

Tempo para mim e para ti. For you and I.

E logo fiz a banda sonora do momento. E pus o cantor havaiano Israel Kamakawiwo'ole, em cima dos seus mais de 300 kg, a cantar a tradicional Henehene Kou `Aka (For You And I) :





Henehene kou `aka
Kou le`ale`a paha
He mea ma`a mau ia
For you and I

Ka`a uila mâkêneki
Hô`onioni kou kino
He mea ma`a mau ia
For you and I

I Kaka`ako mâkou
`Ai ana i ka pipi stew
He mea ma`a mau ia
For you and I

I Waikîkî mâkou
`Au ana i ke kai
He mea ma`a mau ia
For you and I

I Kapahulu mâkou
`Ai ana i ka lîpo`a
He mea ma`a mau ia
For you and I

Ha`ina mai ka puana
Kou le`ale`a paha
He mea ma`a mau ia
For you and I

O que, numa versão inglesa ficaria mais ou menos assim:

Your laughter is so contagious
It's fun to be with you
Always a good time
For you and I

The streetcar wheels turn
Vibrating your body
Always a good time
For you and I

To Kaka`ako we go
Eating beef stew
Always a good time
For you and I

To Waikiki we go
Swimming in the sea
Always a good time
For you and I

To Kapahulu we go
Eating seaweed
Always a good time
For you and I

Tell the refrain
It's fun to be with you}
Always a good time}
For you and I

[A canção é tradicional do Havai e é contada do seguinte modo:

This song connects back to Kamehameha Schools students who would ride the street cars of Honolulu together. On one particular outing in the early 1920ˆs, Pono Beamer was taking his sweetheart, Louise Walker, on the new line along King Street from Farrington High School (near the first Kamehameha campus) to Kakaˆako. Louise had never ridden a street car, so it was a special excursion for the young couple. When the engine started up, she became ha`alulu (shaken)! He put his arm around her to calm her down. She was terribly embarassed by that - especially in front of all the other students, so she jumped up and flounced off the car. Pono reminded her, "Weren't you going with us to have some of my Aunty Mariah's (Mariah Desha Auld) beef stew?" Enticed by the reputation of Aunty Mariah's delicious pipi stew, Louise got back on the trolly. (That stew must have been VERY enticing as, eventually, Louise and Pono married and had several children, among them the renowned Nona Beamer) As they traveled by trolley and walked around the districts of Honolulu, the students began making verses to tell the story. Several later became well-known entertainers, musicians, and songwriters.]

O ritmo é contagiante. Ora ouçam:







Podem, ainda, ver aquilo que eu acredito ser o lançar das cinzas do cantor ao mar, num dos vídeos onde é interpretado o seu maior sucesso : uma mistura de “Somewhere Over the Rainbow" com “What a Wonderful World”:




sábado, agosto 16, 2008

# CCLVIII - Que fique lá, bem à beira do mar

.
.
.






















[Consertando as redes de pesca - Fev2006, Foz do Douro]


Faleceu hoje um dos maiores compositores da mpb - o, por excelência, praieiro Dorival Caymmi. Poucos cantaram a praia, o mar e a vida dos pescadores como ele. Contava com a bonita idade de 94 anos e deixa um espólio musical vastíssimo, contendo algumas das mais belas canções brasileiras de sempre.

Eleger uma é sempre deixar de lado muitas outras, igualmente merecedoras da destaque.

Ficar-me-á sempre associado a "quem vem p'ra beira do mar, nunca mais quer voltar". Aqueles que gostam, como eu, de mar sabem do que falava Dorival.
Que descanse em paz, bem à beira de um grande mar.

Pela belíssima voz de Teca Calazans, conheci a que hoje deixo em partilha, aqui pela voz original de Dorival Caymmi, no seu álbum de 1954. O título do álbum é Canções praieiras, a canção chama-se Canoeiro (Pescaria).





Ô canoeiro
bota a rede,
bota a rede no mar
ô canoeiro
bota a rede no mar.

Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
ô canoeiro
puxa a rede do mar.

Vai ter presente pra Chiquinha
ter presente pra Iaiá
ô canoeiro puxa a rede do mar.

Cerca o peixe,
bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
ô canoeiro
puxa a rede do mar.

Louvado seja Deus
Ó meu pai.

Vai ter presente pra Chiquinha
ter presente pra Iaiá
ô canoeiro puxa a rede do mar.




quarta-feira, agosto 13, 2008

# CCLVII - Assim é...

.
.
.



Não és a flor da beira do caminho

Bem sei que é preciso conquistar-te

A cada novo dia e duro preço.

Por ti tenho sofrido quanto os homens

Podem sofrer. Por isso te mereço.



[Jaime Cortesão]



[Foto do jardim que é meu]

domingo, agosto 10, 2008

# CCLVI - O eterno retorno

.
.
.


[Praia, Agosto de 2008]


Nas férias leio, ainda mais, compulsivamente. Devoro alguns livros que vão sendo adquiridos a um ritmo que não permite a sua leitura, por entre tanto decreto-lei, despacho e circular com que somos mimados pelo querido Ministério da Educação - noblesse oblige!

Além de algumas novidades editoriais (chegadas via Círculo de Leitores, Hipermercados, Livrarias, Fnac e várias feiras do livro) trago na bagagem algum livro a que me apetece voltar. Desta feita, veio a Crónica de uma Morte Anunciada do Gabriel García Márquez.

Partilho dois excertos, diria, antológicos:




Os irmãos foram criados para serem homens. Elas tinham sido criadas para casar. Sabiam bordar com bastidor, coser à máquina, fazer renda de bilros, lavar e engomar, fazer flores artificiais e doces de fantasia, e redigir participações. Diferentemente das raparigas da época, que tinham descuidado o culto da morte, as quatro eram mestras na ciência antiga de velar os doentes, confortar os moribundos e amortalhar os mortos. A minha mãe só lhes censurava o costume de se pentearem antes de irem para a cama. “Meninas – dizia-lhes -: não penteiem o cabelo à noite que se atrasam os navegantes.” Tirando isso, pensava que não havia filhas mais bem-educadas. “São perfeitas”, ouvia-lhe dizer com frequência. “Qualquer homem será feliz com elas, porque foram criadas para sofrer.”


---------------


Além disso, o pároco tinha arrancado com um puxão as vísceras retalhadas, mas no fim não soube o que fazer com elas, abençoando-as de raiva e atirando-as para o balde do lixo. Aos últimos curiosos que espreitavam pelas janelas da escola acabou-se-lhes a curiosidade, o ajudante desvaneceu-se, e o coronel Lázaro Aponte, que tinha visto e causado tantos massacres de repressão, acabou transformado em vegetariano, além de espiritista.
[Descrição da parte final da autópsia de Santiago Nasar]

segunda-feira, agosto 04, 2008

# CCLV - No último degrau


[Foto de Paulo Nogueira]

Um dia, falaste-me destes moços. Que valiam.
Valem sim...
Ontem, tocou muito esta canção. A noite envolvia-me, os km eram calcorreados e ouvia-a [em mode repeat] bem alto.


Assalta-me uma dúvida : será que todas as escadas têm, sempre, um último degrau?


------------------------------------------------


Classificados - No último degrau

Hoje eu vou subir tão alto
Até perder o chão de vista
No teu último degrau
Vou procurar mais uma pista
Vou quebrar todas as regras
Que aprendi por condição
Vou afugentar as sombras
Que te gelam o coração

Não me fales se for não
Não me peças p'ra parar
Não te quero ouvir dizer
Que aqui não é o meu lugar

Hoje eu não vou resistir
Ao teu olhar suspeito
Vou ficar, vou fugir
Vou perder-me no teu peito
Dá-me tudo o que tens para me animar
Não te vais arrepender
Dá-me tudo o que tens para me esgotar
Hoje eu não te vou perder

Hoje eu vou sair para a rua
E caminhar sem direcção
Vou perder-me nos teus passos
Vou abraçar-te no chão
Quero inventar-te uma história
Que te faça acreditar
Que o meu lado mais cruel
Se rendeu ao teu olhar

Não me fales se for não
Não me peças p'ra parar
Não te quero ouvir dizer
Que aqui não é o meu lugar

Hoje eu não vou resistir
Ao teu olhar suspeito
Vou ficar, vou fugir
Vou perder-me no teu peito
Dá-me tudo o que tens para me animar
Não te vais arrepender
Dá-me tudo o que tens para me esgotar
Hoje eu não te vou perder

ôôôôôôôô ôôôôôôôôô ôôôôô ôôôôôôô
ôôôôôôôô ôôôôôôôôô ôôôôô ôôôôôôô

Hoje eu não vou resistir
Ao teu olhar suspeito
Vou ficar, vou fugir
Vou perder-me no teu peito
Dá-me tudo o que tens para me animar
Não te vais arrepender
Dá-me tudo o que tens para me esgotar
Hoje eu não te vou perder


Éôéô ... dá-me tudo o que tens ...
Éôéô ... dá-me tudo o que tens ...
Éôéô ... dá-me tudo o que tens ...
Éôéô ... dá-me tudo o que tens ...
Dá-me tudo o que tens!













domingo, julho 27, 2008

# CCLIV - Duetos fabulosos - Zucchero & Cheb Mami

.
.
.



[Jarros - Jul'08]



Um daqueles duetos, que num daqueles acasos nos dão a conhecer.
Acasos assim, duetos assim.


E ouve-se... o dia passa, e só esta canção se ouve.
Mesmo quando já não toca, no mais fundo de nós ouvimos as vozes e os acordes... e o coro. Só nós a ouvimos, só nós a sentimos. E o sentido que lhe damos, só nós o sabemos.


Depois... passamos para outra canção. Inevitavelmente.


Zucchero & Cheb Mami - Cosi celeste

Un alto sole, quando viene sera,
sta colorando l'anima mia
Potrebbe essere, di chi spera
Ma nel mio cuore solo mia!

E mi fa piangere sospirare
cosi celeste, she's my babe
e mi fa ridere bestemmiare
e brucia il fuoco, she's my babe!

Gli occhi si allagano, e la ninfea
galleggia in fiore, che maggio sia
e x amarti (meglio), amore mio
figliamo rose, lo voglio anch'io.

Lei mi fa vivere e accende il giorno
cosi celeste, she's my babe
Come un pianeta che mi gira intorno
e brucia il fuoco, she's my babe!

Uh Uh Uh Uh Lei lo fa, come avesse sete
Uh Uh Uh Uh Sulla mia pelle
lieve come neve!

E mi fa piangere sospirare
cosi celeste, she's my babe
e mi fa ridere bestemmiare
e brucia il fuoco, she's my babe

Lei mi fa vivere e accende il giorno
cosi celeste, she's my babe
come un pianeta che mi gira intorno
e brucia il fuoco, she's my babe

Potrebbe essere, di chi spera
Ma nel mio cuore, ... mia.





domingo, julho 13, 2008

# CCLIII - Olhar o rio

.
.
.



[Rio, fim de tarde]


Quantos de nós, em relação a muitos pedaços que vamos entregando, temos que os deixar para trás... reinstalando referenciais... reformulando prioridades... olhando de outra forma para o rio?








Não vou viver, como alguém
Que só espera um novo amor
Há outras coisas
No caminho aonde eu vou…

As vezes ando só
Trocando passos
Com a solidão
Momentos que são meus
E que não abro mão…

Já sei olhar o rio
Por onde a vida passa
Sem me precipitar
E nem perder a hora
Escuto no silêncio
Que há em mim e basta
Outro tempo começou
Prá mim agora…

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você…

É!
Mas tenho ainda
Muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz
E que ainda não cumpri
Palavras me aguardam
O tempo exato prá falar
Coisas minhas, talvez
Você nem queira ouvir…

Já sei olhar o rio
Pr’onde a vida passa
Sem me precipitar
E nem perder a hora
Escuto no silêncio
Que há em mim e basta
Outro tempo começou
Prá mim agora….

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
(Se acender!)
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você…

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
(Se acender!) (Se acender!)
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você…

Vou deixar a rua me levar [2x]


terça-feira, julho 01, 2008

# CCLII - Verdades pequenas

.
.
.


[Ribeira, Junho de 2008]


Os detalhes... fazem toda a diferença! São os pequenos gestos, aquelas atitudes nos momentos certos, as atenções que dedicamos a quem nos rodeia, que fazem de cada um de nós... o que somos (pelo menos, para os que nos cercam).


Neste mais recente trabalho, lançado ontem, Mariza despe-se da tradição e arrisca (prefiro sempre, sempre correr o risco - como canta Ana Carolina) percorrer caminhos tão díspares como este dueto com Concha Buika, em "Pequenas verdades", um tema de Javier Limón.


"... que abren la ventana de nuestro destino / como la mirada quando tu me miras / como tu recuerdo quando já te has ido ..."



domingo, junho 29, 2008

# CCLI - Canções de Verão


.
.
.


[Paredes, Abril de 2008]


Por vezes sabe-me bem berrar, preferencialmente noite fora e enquanto conduzo, algumas canções que o leitor do carro vai (que remédio tem!) repetindo.
Uma das últimas é esta, dos Coldplay, que traduz, na perfeição, o modo de vida actual de muitos jovens (e de outros bem menos jovens)...



Coldplay - Cemeteries Of London

At night they would go walking
'till the breaking of the day
The morning’s for sleeping
Through the dark streets
They’d go searching
To see God in their own way
Save the nightime for your weeping

Your weeping…

Singing
la la lala la la ehh
And the night over London, lay

So we rode down to the river
Where the tombs were stone
For the curse is to be broken
We’ll go underneath the arches
Where the witches aren’t the same
There are ghost towns in the ocean

The ocean..

Singing
la la lala la la ehh
And the night over London, lay

God is in the houses
And God is in my head
And all the Cemeteries of London
I see God come in my garden
But I don’t know what he said
For my heart it wasn’t open
Not open…

Singing
la la lala la la ehh
And the night over London, lay

Singing
la la lala la la ehh
There’s no light over London today





domingo, junho 22, 2008

# CCL - Mais um 24 de Junho

.
.
.

[Espectáculo pirotécnico - noite de 21 de Junho de 2008]





Na RTP, num dos programas de José Hermano Saraiva (JHS), falou-se do S. João de Sobrado. Com algumas incorrecções, perdoadas por quem se habituou a gostar deste simpático colaborador salazarista que conseguiu regenerar a sua imagem perante toda uma nação e por todos aqueles que sentem orgulho de ver as tradições da sua terra (Sobrado - Valongo) em destaque.
Fica aqui um extracto do guião do que JHS gesticulou/disse nesse programa:


"Outra freguesia é a de Sobrado. Sobrado, quer dizer uma casa que tem além do rés-do- chão um primeiro andar, sobre a casa há outra casa, sobrado, e era única que teria uma casa com primeiro andar, visto que só esta é que se chamava sobrado. O mais importante no Sobrado pode ver-se aqui na Igreja que está na nossa frente, é uma linda igreja, tem um altar-mor magnífico, tem excelentes imagens, mas o mais importante de tudo é aquela imagem aparentemente insignificante. São dois palmitos, e bem, pois bem todos os anos, no dia de S. João, vêm aqui uns marotos, roubam a imagem e todo o dia de S. João há uma guerra, há uma guerra entre os querem que o S. João não saia daqui, os que querem levar para curar a filha do Rei Mouro. Esse espectáculo é um dos mais espantosos que se podem ver em Portugal. Eu vou-lhes falar nele.


Na Vila do Sobrado realiza-se todos os anos, no dia de S. João, como sabem é o 24 de Junho, uma manifestação colectiva, surpreendente, única em Portugal, fala-se pouco nela, não percebo porquê, é uma coisa duma intensidade, duma vibração, só tem semelhança no Carnaval Carioca, é uma coisa em que toda a Vila dança, toda a vila estremece, e luta, e combate, é uma coisa espantosa, espantosa. Sei que liga-se com lendas locais. Dizem que quando os mouros estavam lá nas serras, havia um santo cá no vale, o santo claro, era o S. João, era o S. João, e o Rei, o Rei mouro tinha uma filha muito doente, mas sabia que o S.João fazia milagres.

Então mandou cá baixo buscar a estátua do S. João, que lhe curou a filha e depois ele não restituiu a estátua. Então os cá de baixo, que são realmente os bugios, foram lá cima para trazer a estátua para baixo, isso deu uma luta dos diabos. Bugios porquê? Bom, porque eles iam mascarados, vão todos mascarados. São dois grupos, os bugios que são aqueles, são a grande maioria, são centenas, cada um fardado, arranjado à sua maneira, enfim, lá vai, um vestido de vermelho, que é realmente o velho bugio, é o que manda neles todos, mas são centenas. Os mourisqueiros são muito menos, são algumas dezenas, algumas dezenas. São estes que estão daqui, vêm-nos aqui, este tem dragonas, dragonas, é portanto o Reimoeiro, Reimoeiro uma palavra só, estes são umas dezenas, aqueles são a maioria.

E como vêm nestes arranjos ainda há uma sugestão das fardas das invasões francesas, ficaram na memória popular, portanto isto mistura histórias de mouros,com histórias do cristianismo, com histórias das invasões francesas, com histórias do culto de S. João, está lá a imagem do S. João na igreja, e tem uma força e uma violência, já previno que quem não tiver coragem não vá lá, porque ainda mantém um certo grau de brutalidade. Atiram com lama e até às vezes com bosta de vaca à cara das pessoas, porque um tipo ao entrar tem logo que dizer se é bugio ou mourisqueiro, ou toma um lado ou outro, depois aquilo há combate, há, começa com um grande desfile inicial com centenas e centenas de figuras, depois lutam, depois há palanques, depois há conquistas.
Acaba tudo quando, realmente os bugios, têm uma ideia muito inteligente vão arranjar um monstro, que é uma serpe, uma serpe e aqui há uma influência do dragão chinês, e vêm lá com a serpe, é claro que os mourisqueiros têm muito medo daquele monstro, fogem todos, e aquilo acaba tudo em bem, depois uma grande festa em que todos se abraçam e confraternizam e há uma comesaina. É um dos fenómenos mais extraordinários, mais densos de significação e menos conhecidos do folclore tradicional português.


Aqui fica o aviso, quem quiser ver uma coisa única em Portugal no dia de S. João vá ao Sobrado. "

[Videofono - IMAGEM, SOM E EDIÇÃO, LDA]



Para os mais aficcionados, um cheirinho duma marcha que todos os amantes desta festa conhecem: