sexta-feira, dezembro 08, 2006

# CLXVIII - Florbela Espanca, perdidamente.


Antónia da Conceição Lobo viveu pouco tempo depois de pôr no mundo, na noite de sete para oito de Dezembro de 1894, uma menina. Foi em Vila Viçosa. Foi renegada desde o nascimento. Registada como filha de pai incógnito Flor Bela de Alma da Conceição - a Poetisa Florbela Espanca ( o pai, José Maria Espanca, perfilhou-a depois).

Curiosamente (ou não), foi também numa noite de sete para oito de Dezembro, já em Matosinhos, no ano de 1930, que Florbela Espanca pôs termo à vida.

Duplamente celebrado este dia, que também é dela, portanto.


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Dos seus poemas, deverá ser o mais conhecido. E esta interpretação da Ala dos Namorados com a Sara Tavares... vale!!!


Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!









2 comentários:

Alda Serras disse...

Magnífico!

Teresa Lobato disse...

Apesar deste belíssimo poema, considero o melhor de Florbela em "Se tu viesses ver-me logo à tardinha/A essa hora dos mégicos cansaços/Quando a noite de manso se avizinha/E me prendesses toda nos teus braços..."
Melhor ainda: este soneto interligado a "Adeus", de Eugénio de Andrade, é qualquer coisa!...
A doce voz de Sara Tavares, tenho-a na memória quando ela cantou "Longe do Mundo", de "O Corcunda de Notre Dame" (infantil)
São estes braços que se vão estendendo na net, uma das mais valias que me fascina...