Nada mais do que um espaço meu.
Obrigada pela tua visitinha por lá... e pelo ar sereno que se por aqui respira ;)Boa semana!
Poema à MãeEugénio de Andrade No mais fundo de ti,eu sei que traí, mãe. Tudo porque já não souo menino adormecidono fundo dos teus olhos. Tudo porque tu ignorasque há leitos onde o frio não se demorae noites rumorosas de águas matinais. Por isso, às vezes, as palavras que te digosão duras, mãe,e o nosso amor infeliz. Tudo porque perdi as rosas brancasque apertava junto ao coraçãono retrato da moldura. Se soubesses como ainda amo as rosas,talvez não enchesses as horas de pesadelos. Mas tu esqueceste muita coisa;esqueceste que as minhas pernas cresceram,que todo o meu corpo cresceu,e até o meu coraçãoficou enorme, mãe! Olha - queres ouvir-me? _às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos; ainda aperto contra o coraçãorosas tão brancascomo as que tens na moldura; ainda oiço a tua voz :Era uma vez uma princesano meio de um laranjal... Mas - tu sabes - a noite é enorme,e todo o meu corpo cresceu.Eu saí da moldura,dei às aves os meus olhos a beber. Não me esqueci de nada, mãe.Guardo a tua voz dentro de mim.E deixo-te as rosas. Boa noite. Eu vou com as avesPara ti, Tsiwari, um beijinho e uma florSiricaia
Sempre gostei taannnntoooo deste poema, Siricaia!Obrigado.;)***
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3 comentários:
Obrigada pela tua visitinha por lá... e pelo ar sereno que se por aqui respira ;)
Boa semana!
Poema à Mãe
Eugénio de Andrade
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? _
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz :
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves
Para ti, Tsiwari, um beijinho e uma flor
Siricaia
Sempre gostei taannnntoooo deste poema, Siricaia!
Obrigado.
;)***
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