quinta-feira, maio 25, 2006
# XLI - Gente humilde
[Senhoras] - (Hoje, em Vilela, Paredes)
A Gente Nao Lê
(Carlos Tê / Rui Veloso)
Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
E rogar a Deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais
E do resto entender mal
Soletrar, assinar em cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz
Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria
De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruidos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira
Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós ja vem
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De todas as magníficas canções da dupla Carlos Tê/Rui Veloso, há uma que sempre me fascinou.
Fico-lhe completamente preso, e os meus pensamentos voam... passam por mim, calmamente, todas aquelas pessoas lindas que fui conhecendo ao longo da vida e que tinham o coração genuíno de que fala a canção.
Conheço mais versões deste tema. Fica aqui um bocadinho da que mais gosto: a da Isabel Silvestre.
(Excerto de A gente não lê, por Isabel Silvestre)
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1 comentário:
Tão bonito!... Reacção fisiológica intensa em menos de 1 minuto. *
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