terça-feira, junho 26, 2007

# CCVIII - Os Mourisqueiros

Desta vez, ficam algumas imagens ligadas aos mourisqueiros:


Enquanto os chapéus repousam debaixo do seu castelo...



... os mourisqueiros, valentes, guerreiam disparando tiros (altíssimos) contra os bugios...


... sem deixar de dialogar com o inimigo (o cavaleiro recolhe mais uma mensagem, na sua espada, para entregar aos bugios)...


... mas são obrigados a partir para a guerra e tentar tomar de assalto o castelo do inimigo (uma vez que este não lhes cede a estátua pretendida do santo milagreiro).

segunda-feira, junho 25, 2007

# CCVII - S. João de Sobrado (2007)



Sem qualquer edição, um apanhado do imenso colorido da melhor festa popular do mundo e arredores!

domingo, junho 24, 2007

# CCVI - Uma das Quintas de Leitura


(Trabalho de autor)

Nesta última quinta-feira, 21/06/07, fui atraído por uma Quinta(s) de Leitura, do Teatro Campo Alegre, no Porto.
A temática era "amantes e outros nomes de família" - e ia lá estar a Aldina Duarte. Imperdível, portanto.


Bilhetes esgotadíssimos. Será que alguém desiste? E fui esperando... Alguém deixou de vir, entrei.


A noite começou com o que a apresentadora/conversadora, Maria João Seixas, chamou "uma liturgia do beijo". João Galante e Ana Borralho fizeram Uníssono. Um beijo tal que, e mais uma vez Maria João dixit, venceria qualquer um daqueles dos cinemas, quando os cinemas competiam por apresentar o mais longo beijo.
Mal acabou o Uníssono - e durou q.b. - começou a conversa entre a Maria João Seixas (MARAVILHOSA!) e a poeta convidada Maria do Rosário Pedreira.
A Maria João pediu à poeta que lesse um texto, em prosa, dum autor que aprecia muito e que, segundo ela, conseguiu, como ninguém, escrever sobre isso da poesia.
Tudo o que se seguiu foi algo de inexplicável. A Maria João Seixas ainda a surpreender, com um sentido de humor irrepreensível e uma condução de conversa soberba. "Quando adolescente, eu era gorda, tinha acne e gaguejava. As minhas amigas eram elegantes e não conseguiam compreender por que tinha eu todos os namorados que queria." E contou-nos o seu segredo. "Ainda hoje o uso. Serve para tudo. Para a vida social, para a política, ...". E nós rendidos, encantados, presos nos seus dizeres.
Era óbvia a admiração que nutria pela poeta (SIMPÁTICA!). E pela poesia que segundo ela "escolhe os poetas, e não o contrário". E falava do lugar mais alto da poesia - acima da filosofia. E confessou-nos que ninguém como esta poeta fala tão bem de decotes!
A poeta surpreendeu pela autenticidade. Por carregar uma simplicidade que só alguns conseguem. Por confessar que só sabe trabalhar com letras. Se perdesse a profissão de editora, não saberia o que fazer... "Não sei cozinhar, nem...".
E contou-nos a importância do primeiro verso, que surge em qualquer altura... até mesmo no supermercado. E do trabalho laboratorial que vem depois. E do ler em voz alta o que escreve... e do achar, muitas vezes, que a sua poesia dita por outros não tem a mesma musicalidade - daí a importância do ler em voz alta, do fazer presente a musicalidade do poema. E (como eu adorei isso!) dizer que outos lêm a sua poesia, descobrindo coisas que ela não pôs lá! Lembrou que escreveu os primeiros versos muito cedo, em idade, "rimando limão com coração". E ficou pensativa, hesitando, acautelando a resposta, quando a Maria João lhe perguntou "Quem és?".


A noite estava quase perfeita.

Então o Pedro Lamares (que encenou teatros, há uns tempos), a Romi Soares, a Susana Menezes a a própria Maria do Rosário Pedreira disseram alguns poemas escolhidos pela poeta. Percorremos um pouco da sua intimidade.

Depois de um curtíssimo intervalo, e depois de mais um poema dito pela Maria do rosário Pedreira, entrou em palco a Aldina Duarte. (ARTISTA!).
Um fado, outro e mais outro... percorrendo os seus dois cd's, aprisionando-nos na envolvência daquele mundo seu. Até que cantou o "Ai meu amor se bastasse", e soltou-se... e daí para a frente esteve cada vez melhor. A Aldina canta (BEM!) muito e fala pouco.... Mas, desta feita, falou do pânico que sentia por estar quase a estrear em público um novo fado, com música de fado tradicional e tendo, como letra, um poema da poeta convidada. Foi um privilégio assistir, partilhar este momento. Lindíssimo este novo tema.

A noite ficou perfeita.

Mais ainda quando, sorrindo com a alma, a Aldina disse "Gosto tanto de cantar no Porto!". E nós acrescentaríamos, gostamos tanto de a ouvir cantar no Porto!


---<@


Para ouvir, do álbum Crua, o tema Xaile encarnado:



Xaile Encarnado
Letra: João Monge / Música: Armandinho (Fado da Adiça)


Eu tenho um xaile encarnado
É uma lembrança tua
Tem um segredo bordado
Que às vezes eu trago à rua


Tem as marcas de uma vida
Que a vida marca no rosto
Mas ganha uma nova vida
Nas noites que o trago posto


Já foi lençol e bandeira
Vela de barco também
Tem marcas da vida inteira
Mas dizem que me cai bem


Se pensas que me perdi
Nalgum destino traçado
Para veres que não esqueci
Eu ponho o xaile encarnado




domingo, junho 17, 2007

# CCV - Introducing... Thalia Zedek


(La Mariee de Marc Chagall)


Em Nothing Hill, este quadro é uma das estrelas do filme ("Happiness isn't happiness without a violin-playing goat"). E a música podia bem fazer parte da sua banda sonora.

Por ficar demasiado preso aos originais, as versões deixam-me de "pé atrás".
Esta da Thalia Zedek, no alto dos seus mais de vinte anos de estrada, convence-me. Totalmente.


---<@

"Dance Me To The End Of Love" (Original do Sr. Leonard Cohen)

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love



domingo, junho 03, 2007

# CCIV - O Dianho da Bruxa


(E todos cantaram, enlevando-nos...)


Ontem, à noitinha, no Palácio de Cristal, enquanto ao lado decorria mais uma feira do Livro, no auditório da Biblioteca Almeida Garret pudemos viajar por terras transmontanas e altodurienses duma forma absolutamente mágica, tendo ao leme o Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto (ex NEFAP, actual NEFUP). Um espectáculo riquíssimo, muito bem preparado e, sobretudo, muito sentido por cada um dos seus performers.
Tivemos danças, cantares, recriações de conversas de outrora, de tradições perdidas no tempo, de mundos masculinos e femininos, de ligações sempre presentes à terra. Ouvimos O povo de Eça de Queirós, poemas do Miguel Torga e um pedacinho do seu Reino Maravilhoso.
Revi um álbum de referência na música portuguesa (o Traz os montes, de 1994, da Né Ladeiras). Revi todo um mundo de bruxas, de lutas entre o bem e o mal, de pastores e ovelhas, de dobadoiras e malhos, de eiras e desfolhadas, de campos e bois, de rios e montes, de histórias e lendas, de cantigas e adivinhas, ...
Obrigado MLuz, pelo convite. Parabéns NEFUP!!!



------------



Um extracto deles no Tirioni (Cantiga tradicional de Miranda do Douro) e num Conto*:






Cunta - L'home que num tenie quei comer


Era ua beç un tiu que nun tenie quei comer i dixo que le fússen a anterrrar bibo. Íban an ne l meio de l caminho i ancontrou un spanholo:
- Conho, que yê isso, para anterrar I muchacho bibo?
- Diç que nun tenei quei comer!
I ei que diç assi:
- Conho, que se buôlba atrás i you dou-le un farnel de pan!
I el que alhebanta la cabeça i diç assi tan sério:
- Crudo ou cozido?
- Conho, pos crudo!
- Ala, anton siga la procisson!
Nien crudo I quijo aceitar!