quarta-feira, julho 12, 2006

# CVII - Divas - Oito - Marlene Dietrich


(Em Santo Tirso, Jun 2
006)




Associo-a a canções de cabaret e do basfond alemão.
É a cantora duma das poucas canções em Alemão de que realmente gosto - Lili Marlene. Esta canção foi transformada em hino de guerra dos soldados de ambas as infantarias (Aliados e Germânica). Oa alemães prenderam-se à canção após audição, numa rádio alemã em Belgrado. Era, a pedido, tocada religiosamente todas as noites pelas 21h:55min, no fim da trasmissão. A versão em Inglês surgiu um ano depois.




(Capa do LP referido)


Partilho uma ternura dela, no Rio de Janeiro, em Julho de 1959. Poucos se recordarão dela, ou a imaginarão sequer, a cantar um clássico da música brasileira Luar no Sertão:


*****

Luar do sertão (Catullo da Paixão Cearense)

Oh, que saudade do luar da minha terra, lá na serra,
Branquejando folhas secas pelo chão!
Este luar cá da cidade, tão escuro,
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.

Não há, ó gente, oh não, / Luar como esse do sertão
Não há oh gente oh não / Luar como este do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia,
E a canção é lua cheia a nos nascer do coração

Não há, ó gente,...

Quando vermelha, no sertão, desponta a lua,
Dentro d'alma, onde flutua, também rubra, nasce a dor!
E a lua sobe, e o sangue muda em claridade,
E a nossa dor muda em saudade, branca assim, da mesma cor!

Não há, ó gente,...

Ai! Quem me dera que eu morresse lá na serra,
Abraçado à minha terra, e dormindo de uma vez!
Ser enterrado numa grota pequenina,
Onde à tarde a sururina chora a sua viuvez!

Não há, ó gente,...

Diz uma trova, que o sertão todo conhece,
Que, se à noite o céu floresce, nos encanta e nos seduz,
É porque rouba dos sertões as flores belas
Com que faz essas estrelas lá no seu jardim de luz!!!

Não há, ó gente,...

Mas como é lindo ver, depois por entre o mato,
Deslizar, calmo o regato, transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando,
Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!

Não há, ó gente,...

A gente fria desta terra, sem poesia,
Não se importa com esta lua, nem faz caso do luar!
Enquanto a onça, lá na verde capoeira,
Leva uma hora inteira vendo a lua, a meditar!

Não há, ó gente,...

Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir um galo triste, no sertão se faz luar!
Parece até que a alma da lua é que descansa,
Escondida na garganta desse galo, a soluçar!

Não há, ó gente,...

Se Deus me ouvisse com amor e caridade,
Me faria esta vontade - o ideal do coração!
Era que a morte, a descansar, me surpreendesse,
E eu morresse numa noite de luar, no meu sertão!

Não há, ó gente,...

E quando a lua surge em noites estreladas
Nessas noites enluaradas, em divina aparição,
Deus faz cantar o coração da Natureza
Para ver toda a beleza do luar do Maranhão.

Não há, ó gente,...

Deus lá no céu, ouvindo um dia essa harmonia,
A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril
Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,
E também a Ave Maria da grandeza do Brasil.

Não há, ó gente,...

Pois só nas noites do sertão de lua plena,
Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,
É que o poeta, descansado, a noite inteira,
Vê na Lua Brasileira toda a alma do Brasil.

*****






2 comentários:

Anónimo disse...

Estava a ver que a Marlene não aparecia!... ;)
Belo espaço que tens vindo a partilhar aqui. :) ***

Colibri disse...

Und alle Leute soll'n es seh'n,
Wenn wir bei der Laterne steh'n,
Wie einst Lili Marleen,
wie einst Lili Marleen.

Quem diria que a Dietrich cantou, também, tão bem, em português?!


*****