(Eugénio de Andrade)
(Em Aveleda, Penafiel - Set 05)
Adeus
Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou, se preferes, minha boca nos teus olhos
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança
cega aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve - e tu calavas a voz
onde contigo me perdi.
Como se a noite se viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse ao país
onde teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou, se preferes, a tua boca clara singrando
largamente no meu peito.
5 comentários:
Eugénio sempre esteve na primeira linha dos meus poetas. Pela luz que irradia, pela claridade das coisas, pela doçura das palavras, pela música contida nos seus versos.
Posso percorrer Ruy Belo, Sophia, tantos outros mais, mas regresso sempre à sua ternura infinda, às palavras que estão sempre no lugar certo, na medida certa. Ponto.
Foi bom, ao vir aqui, encontrar esta lembrança.
Abraço.
Gostei de ler... é um dos meus poetas que às vezes percorro...
Claro: o Eugénio é o Eugénio.
Para dizer também: aqui estou!
Eugénio disse-o assim:
"Aproxima-te, põe o ouvido na minha boca,
vou dizer-te um segredo, (...)
("Branco no Branco" - 1984)
Um abraço.
Que lindo Poema...vou te add nos meus favoritos!
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