domingo, março 28, 2010

# CCCLX - Et maintenant, elle chante...

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[Stacey Kent - Fnac Guimarães, hoje]


Há uma doçura única nas interpretações que Stacey Kent põe nas canções que fazem parte do seu já significativo repertório. Essa característica sempre fez dela uma das minhas favoritas cantoras do Jazz vocal feminino.


Hoje pude assistir a um showcase de apresentação do seu recentíssimo oitavo álbum [Raconte-moi], completamente cantado em francês, que é uma língua que combina muito bem com a tal doçura a que aludia.


Muito interessante (e motivo de contentamento) foi poder constatar que a pessoa é mais doce ainda que a artista! :)


Fica uma das minhas canções favoritas deste seu trabalho - Jardin d'hiver, do saudoso Henri Salvador.



Jardin d'hiver [Henri Salvador]

Je voudrais du soleil vert
Des dentelles et des théières
Des photos de bord de mer
Dans mon jardin d'hiver

Je voudrais de la lumière
Comme en Nouvelle Angleterre
Je veux changer d'atmosphère
Dans mon jardin d'hiver

Ma robe à fleur
Sous la pluie de novembre
Tes mains qui courent
Je n'en peux plus de t'attendre
Les années passent
Qu'il est loin l'âge tendre
Nul ne peut nous entendre

Je voudrais du Fred Astaire
Revoir un Latécoère
Je voudrais toujours te plaire
Dans mon jardin d'hiver

Je veux déjeuner par terre
Comme au long des golfes clairs
T'embrasser les yeux ouverts
Dans mon jardin d'hiver

Ma robe à fleur
Sous la pluie de novembre
Tes mains qui courent
Je n'en peux plus de t'attendre
Les années passent
Qu'il est loin l'âge tendre
Nul ne peut nous entendre

domingo, março 14, 2010

# CCCLIX - Anaquim, a vida deles

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[Graffiti numa parede do Porto]



Chegados de fresco aos escaparates das lojas que vendem discos, os Anaquim são uma boa notícia.


Com a tal portugalidade musical característica, um refinado humor e algumas verdades cruas cantadas, os Anaquim transmitem uma boa disposição bem necessária nestes dias cinzentos.


Em tempos de vampiros (também os há neste trabalho), é muito bem vindo este duende bem intencionado (diria eu!) mas muito trapalhão.



Recomendo-os vivamente!




Lídia - Anaquim

Quem te falou em escolhas certas mentiu-te
Quem te apontou caminhos sem os percorrer
Quem te mostrou suas aguarelas nas telas pintadas por uma só forma de ver
Quem te falou numa verdade enganou-te
Há mais verdades escondidas por aí
Somos voláteis, somos feitos de contrários
Somos todos santos, somos todos mercenários

Sacrifico minha vontade, por um tiro no escuro que nos deixa sós
Custa ver que na realidade o tiro não foi no escuro o tiro foi em nós
Não pretendo não fazer erros, vou aprendendo com o mal que trago em mim
E se aprendo sinto-me gente, que só é gente quem consegue ser assim

Alguém que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem, que vendo o mal nunca está bem

Alguém me disse que a vida passa a correr
E eu fui na corrida sem me aperceber
Alguém me disse que a vida passa a correr
E eu fui na corrida sem parar p'ra abastecer

A vida são dois dias disse um homem já maduro
Tive um ontem e hoje o mais certo é não ter futuro
O velho de Restelo diz que a vida são dois dias
E entre o choro e o riso eu não deixei horas vazias

Lídia enlacemos as mãos vamos ficar então somente a ver passar o rio
Lídia joguemos xadrez façamos isso em vez de dar à guerra o nosso brio
Lídia, sejamos alheios aos desgostos feios de quem já não quer quem tem
Mas, Lídia, eu sinto-me vazio ao ver passar o rio, sem te ter nem fazer por ser

Alguém que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem, que vendo o mal nunca está bem
Alguém cuja maldição afinal
Está nessa fraqueza carnal, de querer o bem e ter o mal











Vale a pena ver o vídeo de "A vida dos outros" :










Ou este "Na minha rua":









E, se quiserem ver o virtuosismo do mentor do projecto (José Rebola):


quarta-feira, março 10, 2010

# CCCLVIII - (Im)portas(-te?)

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[Galerias da Miguel Bombarda - Mar'09]



A sensualidade pode ser uma canção.



Atrás da Porta (por Elis Regina)
Composição: Chico Buarque - Francis Hime


Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei
Eu te estranhei, me debrucei Sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei, e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei prá maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Até provar que ainda sou tua.


sábado, março 06, 2010

# CCCLVII - De Miranda, em Mirandês

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[Dois dos três manos Meirinhos : Paulo e Manuel, Fnac Sta Catarina - 05 Mar'10]






[Paulo Preto e Alexandre Meirinho,Fnac Sta Catarina - 05 Mar'10]


"O património cultural do Nordeste Transmontano constitui um elemento muito importante da sua identidade e, ao mesmo tempo, um factor de desenvolvimento."

Em Mirandês (e em Inglês), é assim que os
Galandum Galundaina (Já agora o sonante nome traduzido do mirandês daria algo como Cavalheiro Travesso, uma boa pessoa que, também, faz as suas brincadeiras - como explicou o Paulo Preto) abrem o seu mais recente trabalho Senhor Galandum.

Na senda dos anteriores, com uma parte instrumental riquíssima e umas letras ora muito satíricas e divertidas, ora bucólicas e ternas.

Um trabalho a seguir e a apoiar.


Uma nota de estupefacção - como é possível estar na Fnac o grupo a apresentar este trabalho e não estar disponível nenhum cd dos mais antigos nem o de 2001 (L Purmeiro), nem o de 2005 (Modas I Anzonas) nem qualquer exemplar do de 2006 (Galandum Galundaina ao vivo)?

Fica, em partilha, o tema Coquelhada marralheira, com a participação do guru Sérgio Godinho - que escreveu a terceira parte desta letra :



Coquelhada marralheira

Coquelhada marralheira
nun t'amarres ne ls adiles
porque biénen ls pastores
i te scáchan ls quadriles.
Ó perrelin pin porra
amprenhei ua pastora
al tuoro dua trobisqueira
l cerron de cabeceira
i ls perros, au, au
i l lhobo ne l ganau


Custa crer mas ye berdade
Que morriu l Senhor Abade
Morriu cun l papo seco
Agarrado a un caneco
l a chuar de l garrafon
Pater Noster, Crialeson
Fui anterrado no carreiron
Para ber las fraldas a las mulhieres


E eu que vim de tanto longe
Quero saber se é verdade
Que vivia aqui um homem
A viver como um abade
E o povo sempre à fome.
Dizem que um dia se foi
Pró inferno passear
E o funeral a abarrotar