domingo, maio 31, 2009

# CCCVII - O melhor do mundo...

.
.
.


[Da série Baby Blues, volume 23 - Arrancam gargalhadas gostosas!]



... às vezes! ;)

Leitor compulsivo, que sou, adoro ler muita banda desenhada. Esta série Baby Blues é algo que aconselho a quem tem capacidade de se rir de si próprio - é incrívelmente bem feita. As situações estão muito, muito, muito bem apanhadas e retratadas.


Quanto à música, sem ser lá muito pedagógica (e há tantas assim - basta atentarmos nas letras de N canções infantis! Qualquer dia volto ao tema.) é alegre q.b.


Neste 01 de Junho - dia mundial da criança - deixo em partilha uma das canções que cantamos habitualmente quando a mais nova vai connosco e, sem dizer a frase, pede o disco do Serafim & Companhia - as melodias são altamente contagiosas!














.


Dica : Para melhor visualizar as imagens, abra-as numa nova janela do seu browser. ;)

domingo, maio 24, 2009

# CCCVI - Lara Li, o encontro com a diva


[Gosto tanto de ti, cantava ela - Maio'09, Leça da Palmeira]



Há anos que vou passando pelo B Flat - conheci-o na cave (com um ambiente basfond que lhe assentava como uma luva) perto da Câmara Municipal de Matosinhos. Ali vi concertos (Fátima Serro, Paulo Gomes, Kiko, Trupe Vocal, Carme Canela, Paula Oliveira,...) que me deram a conhecer bons trabalhos, algo arredados dos circuitos ditos comerciais. Depois, durante algum tempo, o B Flat mudou-se para junto da fonte luminosa, num local em que se perdia completamente a mística do espaço, com uma acústica de bradar aos céus. Lembro-me de ter visto, entre outros, Jacinta a homenagear Zeca Afonso e a percorrer a sua carreira. Neste momento, o B Flat está nas Docas do Porto de Leixões, em Leça da Palmeira e regressou a umas instalações condignas para um projecto com a qualidade que o B Flat apresenta. Continua a contar com a imagem da casa - a unique Tila e o eficiente músico António Ferro - esbanjando simpatia e semeando a vontade de voltar.

E ontem fui jantar ao B Flat. A melhor parte foi a das sobremesas - uma mousse de manga, um Cheesecake com cobertura de framboesa e a Lara Li.

A primeira parte do espectáculo foi muito jazzística, com Ricardo Diz e AP a dar-nos, entre outras, composições como Feeling like my favourite things - uma mistura de Nirvana com My favourite things, do Música no Coração. Também gostei da interpretação do tema Vera Cruz, parecendo-me ouvir Elis Regina a cantá-lo enquanto os dois o "instrumentavam"!

A segunda parte era o mais esperado momento da noite. Lara Li percorreu maioritariamente a música portuguesa e aventurou-se até (e bem!) num Besa-me Mucho e, em homenagem ao sítio jazzístico em que nos encontrávamos, num Misty fabuloso!

A dicção da Lara Li continua impecável - não são muitas as cantoras que têm o dom de cantar cada sílaba de modo a que se a entenda. A elegância, no porte e na atitude, continua a ser a marca registada da cantora. A simpatia, escondida atrás de uma timidez que espreita aqui e ali (como será possível!), (con)vence qualquer um. Lara Li continua a ser uma diva. É pena não termos acesso a mais trabalhos seus publicados...

Miguel Braga que acompanha Lara Li, sendo já difícil deixar de os associar, esteve magnífico na condução do piano. A penúltima canção (foi muito bom ouvir Telepatia, Quimera do Ouro, Eu gosto tanto de ti, Jura, Secreta Passagem,...) é, para mim, o "must_of_all" da cantora - acho, como lhe disse a ela, que me apaixonei pela Lara Li quando a ouvi cantar este Barco Negro, batendo com os dedos no microfone, na televisão há uns anos. E ontem adorei "ouvê-la", a um metro de mim, a repetir a proeza.

Fica o vídeo que registei com a máquina e algures na minha alma, também!









Barco negro.
Música: Caco Velho, Piratini Letra: David Mourão-Ferreira

De manhã, temendo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

segunda-feira, maio 18, 2009

# CCCV -A Júlia Florista? Uma Galdéria!


[E lá fora o dia é cheio de sol! Nov'08]


Dulce Pontes está de regresso com um novo trabalho. Depois do hermético "O coração tem três portas", Dulce regressa aos registos mais populares regravando desde Amália a Zeca Afonso sucessos como o Medo, a Lágrima, a Canção de Embalar, a Canção do Mar ou o Amor a Portugal (No ano que vem).
No meio destes clássicos, um tema muito engraçado onde não é à primeira audição que se reconhece a cantora - da Júlia Florista, cantada por tantos fadistas, é realçada uma outra face - a da Júlia boémia, "borrachona", galdéria. O melhor tema do album.



Júlia Galdéria
[Letra: Carlos Pontes Música: Joaquim Tavares]


A Júlia Galdéria
Morreu na miséria
Foi ela a culpada,
Marido não tinha
Vivia sozinha
Ali na lançada.

Vivia contente
Olhava para a gente
Com ar de chalaça,
E tudo o que tinha
Uma garrafinha
Da velha cachaça!

A Júlia Galdéria,
Um dia morreu,
Foi a Taberna do Cinco
A que mais sofreu...

Oh Júlia Galderia,
Tua triste história!
Pois eu não estou esquecido
E tenho bebido
Em tua memoria!

Caías aqui
Caías ali
E punhas-te em pé,
Pelo S. Martinho
Bebias bom vinho
E bom agua pé!

Júlia malcriada,
Estás alcoolizada,
É esse o mistério!
Vazaste o baril,
Esticaste o pernil,
Foste parar ao cemitério...







quarta-feira, maio 06, 2009

# CCCIV - Boa vai ela...


[Campo de milho por colher, Maio'09]


... a música portuguesa. Pujante, muita dela. Arriscaria um "Fresca", com os OqueStrada.

Os OqueStrada lançaram no dia 27 de Abril o seu primeiro álbum “TascaBeat: O sonho português”, “uma espécie de discoteca acústica e caseira para fazer dançar o mundo com o espírito do fado e o balanço dos bailes de verão”.
A definição é de Miranda, a vocalista, que, sobre o grupo, diz tratar-se de “uma orquestra de bairro, uma orquestra portátil, de bolso, à conquista do mundo. Uma vadiagem bem orquestrada”. “Mas não fazem world music. Cantam o mundo à portuguesa”, frisa.

A comparação com os Deolinda, na maiorparte do disco, é inevitável. Espero que o sucesso também!
Já na canção que cantam em Inglês, remetem-me para os Pink Martini. Só altas e boas recomendações, portanto! Imperdível - o sucesso deste Verão, por certo!


Em audição, fica a última faixa do álbum : "Qualquer coisa me anima":



sexta-feira, maio 01, 2009

# CCCIII - Fado. Fados de todos...

.
.
.


[A Deus, adeuses? Despojos da noite - Abril'09]



Num destes dias, foi lançado um trabalho baseado em ornamentos novos, dos que a música Hoje permite, de temas que Amália transformou em clássicos.
Soa muito à The Gift, é verdade. Nem se detecta a presença de Amália, também é verdade.
E está muito bem. Mesmo muito bem!




“Foi Deus” [Letra e música original : Alberto Janes]
Hoje


Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o Fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto

Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi Deus que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto às andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor

Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai, e deu-me esta voz a mim.