sábado, novembro 13, 2010

# CDXVII - Sem loucura, que seria?

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[A loucura passeia-se só - Porto, Nov'10]





Uma dose de loucura é-nos, estou convicto disso, brutalmente essencial.

Um dia, partilharam comigo uns versos de Fernando Pessoa que me agradam bastante:

"Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria? "

Associarei sempre a canção deste post, do imensamente grande Silvio Rodrigues, à magistralmente enorme Mercedes Sosa - perguntando-me que cosa fuera?






La Maza - Silvio Rodrigues

Si no creyera en la locura
de la garganta del sinsonte
si no creyera que en el monte
se esconde el trino y la pavura.

Si no creyera en la balanza
en la razón del equilibrio
si no creyera en el delirio
si no creyera en la esperanza.

Si no creyera en lo que agencio
si no creyera en mi camino
si no creyera en mi sonido
si no creyera en mi silencio.

Que cosa fuera
Que cosa fuera la maza sin cantera
un amasijo hecho de cuerdas y tendones
un revoltijo de carne con madera
un instrumento sin mejores resplandores
que lucecitas montadas para escena
que cosa fuera - corazón - que cosa fuera
que cosa fuera la maza sin cantera
un testaferro del traidor de los aplausos
un servidor de pasado en copa nueva
un eternizador de dioses del ocaso
jubilo hervido con trapo y lentejuela
que cosa fuera - corazón - que cosa fuera
que cosa fuera la maza sin cantera
que cosa fuera - corazón - que cosa fuera
que cosa fuera la maza sin cantera.

Si no creyera en lo más duro
si no creyera en el deseo
si no creyera en lo que creo
si no creyera en algo puro.

Si no creyera en cada herida
si no creyera en la que ronde
si no creyera en lo que esconde
hacerse hermano de la vida.

Si no creyera en quien me escucha
si no creyera en lo que duele
si no creyera en lo que queda
si no creyera en lo que lucha.

Que cosa fuera...



8 comentários:

wandering disse...

"A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana.
Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal.
Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco.
Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido.
Ter consciência dela e ela ser grande é ser génio."

Uma foto centrada para contrastar com uma loucura alheia às simetrias?
Uma luz ao fundo do túnel da loucura?
Génio?

:)*** (Extra)

Vibracto disse...

E passeia-se por locais onde muitos deram azo às mais variadas formas de loucura! Pelo menos antes das obras... :)

Memórias de loucuras muito sãs me trouxe esta foto, onde quase consigo ouvir de novo o mar...

Abraço!

deep disse...

‎"Loucura?! – Mas afinal o que vem a ser a Loucura?...
Um enigma… Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos…
Que a loucura, no fundo, é como tantas outras, umas questão de maioria. A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco. A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções:
É a gente de juízo…
Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objectos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente, encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria… são doidos…
Se um dia porém a sorte favorecesse os loucos, se o seu número fosse superior e o género da sua loucura idêntico, eles é que passariam a ser os ajuizados: Na terra dos cegos, quem tem um olho é rei, diz o adágio: na terra dos doidos, quem tem juízo, é doido, concluo eu.” Mário de Sá-Carneiro, Loucura

Obrigada pela música. Muy bonita. ;)***

tsiwari disse...

wandering - Também do Pessoa, certo?

Eu, génio? :)****

tsiwari disse...

Vibracto - que mais são os locais senão as gentes que por lá passeiam?


:)

tsiwari disse...

deep: claro que tens a responsabilidade da citação usada no post.

E o teu comentário... dava um post inteirinho!


:)***

Anónimo disse...

Viajei pela memória e recordei-me de "Loucos de Lisboa" de rui Veloso e Ala dos namorados: "São os loucos (de Lisboa)que nos fazem duvidar que a terra gira ao contrário e os rios nascem no mar"

"Que é a vida senão uma série de loucuras inspiradas." (George Bernard Shaw)
Há na loucura um prazer que só os loucos conhecem." (John Dryden)
Quem dera que "A minha alma é (fosse) presa da mais livre loucura." (Sady Bianchin)
Se o mundo me permitisse seria louca todos os dias...
Quanto à foto: Quem não se recorda daquela Loucura numa noite de verão... da Loucura do beijo proibido... da Loucura do fim de semana, no concerto, na praia, no campo, no..., na...
São as Loucuras que nos fazem suspirar. se é bom ter uma boa dose de loucura? claro que sim

Beijinho :)****

tsiwari disse...

yuvaíka : essa é uma canção antológica. Gostei dela à primeira audição...

A loucura é tema recorrente, nas bocas/mentes mais diversas. Obrigado por esta súmula que traduz tão bem o que sentimos acerca dela.

A foto remete para essas memórias, sim...

Bjo! :)*