domingo, julho 29, 2007

# CCXIII - Folclore mexicano

Numa noite desta semana - quarta-feira, para ser mais exacto - fiz uma viagem pelo mundo fora, no Mercado Ferreira Borges. Muito bem organizado pelo Rancho Folclórico de Paranhos, o XXVII Festival Internacional de Folclore da cidade do Porto.
Nessa noite, participaram seis representações internacionais : a Polónia, a Moldávia, a Letónia, a Ucrânia, o Chile e o México.
Um dos momentos altos, tradicionais nestes festivais, foi o cantar dos respectivos hinos nacionais. Arrepiante, a postura dos elementos quando se cantavam os hinos, sobretudo os que respeitavam aos próprios países. Traduziram muito do amor de cada um pela sua pátria. Emocionante, o público de pé, no decorrer destes exaltamentos. E todo o público a cantar o hino de Portugal...
Cada grupo dava-me alvas asas e eu voava para longe dali.
Claro que o México, com aquela mescla de cores, me fez revisitar todo um país onde nunca estive e que reside num canto da minha memória afectiva. Lindo demais.
Uma imagem e um vídeozinho, para partilhar convosco:






A excelente apresentação de Fernando Pino mudou para sempre o meu sentir ao ouvir o tema Besame Mucho, da Consuelo Velazquez (escrita aos 16 anos!). Sempre pensei nela como uma canção de despedida, de receio de despedida, sim, mas entre amantes...
O apresentador realçou o que todos sentíramos no sentimiento daquele jovem mexicano cantando com toda a sua alma, emocionado até às raízes dos cabelos... e explicou: aquela canção de sucesso mundial, não tinha nada a ver com sensualidades, com amantes, com o que associamos ao caliente dos boleros... O que a autora pretendia contar era o que uma mãe, no próprio leito da sua morte, cantava ao filho, que sentia que ia deixar para trás. A situação inversa, curiosamente, do post do outro dia, Pedaço de Mim.




Besame, besame mucho
como si fuera esta la noche
la ultima vez


Besame, besame mucho
que tengo miedo a perderte
perderte despues



Besame, besame mucho
como si fuera esta la noche
la ultima vez


Besame, besame mucho
que tengo miedo a perderte
perderte despues



Quiero tenerte muy cerca
mirarme en tus ojos
verte junto a mi


Piensa que tal vez mañana
yo ya estare lejos,
muy lejos de aqui



Besame, besame mucho
como si fuera esta noche
la ultima vez


Besame, besame mucho
que tengo miedo a perderte,
perderte despues

domingo, julho 22, 2007

# CCXII - Kitsch q.b.


(E um tempo sem tempo contado...)

Nesta altura o desejo de férias é uma constante nas horas que vou contando, uma a uma, à espera de Agosto.
E uma canção antiga teima em lembrar-mo... e vocês, lembram-se desta canção?


Natércia Barreto - Óculos De Sol


Já arranjei muito bem / Tudo quanto convém
P’ra praia levar
O pente, o espelho, o baton
E o creme muito bom / P’ra me bronzear
Tenho o meu rádio portátil / E o bikini encarnado
Também está no meu rol
E como é bom de ver
Não podia esquecer / Os meus óculos de sol

Refrão:
Que levo p’ra chorar uuuuhuh / Sem ninguém ver
P’ra não dar uuuuhuh / A perceber
P’ra ocultar uuuuhuh / O meu sofrer
Pois eu sei que te hei-de encontrar
Talvez deitado à beira-mar / Com outra ao lado
E eu vou passar / A tarde a chorar

Já pensei não sair / Mas aonde é que eu hei-de ir
Com este calor?
O que é que eu hei-de fazer
P’ra não ter que te ver / Com o teu novo amor?
Ver-te-ei com certeza / Mas eu peço à tristeza
Um pouco de controle
E pelo sim pelo não
Eu vou ter sempre à mão / os meus óculos de sol

Refrão

Vou chorar Uuuuh uh / Vou sofrer Uuuuh uh
Vou chorar Uuuuh uh






domingo, julho 08, 2007

# CCX - Follow the Songlines

Na Praça da Casa da Música, no Porto, em 7/7/7:

(Em pleno espectáculo...)


Enquanto o resto do mundo se maravilhava em conjuntos de 7, eu e uns quantos mais deliciávamo-nos com os 6 contrabaixos, os 8 violoncelos, os 25 violinos (I e II), as 9 violas, as 3 flautas, os 3 oboés, os 3 clarinetes, os 2 fagotes, as 4 trompas, os 3 trompetes, os 3 trobones, a tuba e os tímpanos, as percusões dos 4 profissionais e a harpa...tudo da Orquestra Nacional do Porto e convidados (entre eles, destacadíssimos, Christophe Wallemme, num contrabaixo e Helge Norbakken, na percussão). A esta maravilha viva, juntavam-se os pianos de Diederik Wissels e do Mário Laginha. A direcção musical foi assumida pelo Dirk Brossé e as vozes do excelente David Linx e da suprema Maria João.

Tanto quanto contou a Maria João, este espectáculo tivera lugar, há cerca de duas semanas atrás, em Bruxelas, com a orquestra lá da zona.

O superior nível do espectáculo apresentado, fez-me pensar numa digressão mundial... de sucesso garantido, entre os amantes do género.

Este evento realizou-se na Praça da Casa da Música, sob um frio de fazer bater os dentes. A brisa era polar!!! Só o calor do desempenho dos artistas nos aquecia.

As pautas e letras das canções eram fixadas, para não voarem, recorrendo-se à última tecnologia:

Gostei também de, finalmente, conhecer alguns dos membros do Clube de Fãs da Maria João. E não gostei dos penetras que, da escadaria, assistiam ao espectáculo sem pagar bilhete! Detesto esperteza saloias...

Aqui a cumplicidade dos donos das vozes:


Aqui a cumplicidade das vozes, com a qualidade possível (clandestina):





sexta-feira, julho 06, 2007

# CCIX - A saudade


(Pintura "La chambre de van Gogh a Arles" de Vincent van Gogh Museu d'Orsay, Paris )


O desaparecimento de um filho, amplamente empolado pelo recente caso da Madeleine McCan, é um dos meus maiores pesadelos.
Não acredito que algum dia fosse capaz de recuperar a (alguma) sanidade mental.
E vejo essa dor na canção de Chico Buarque, Pedaço de Mim, composta para a Ópera do Malandro.
Das várias versões que fui conhecendo, nenhuma iguala a da Simone. Ninguém diz/canta como ela " A saudade é arrumar o quarto / do filho que já morreu"


Pedaço de Mim / Simone



Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar


Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais


Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu


Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
E é assim como uma fisgada
No membro que já perdi


Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus