segunda-feira, outubro 30, 2006

#CLV - Divos - Dez - Chico César


(No entardecer de ontem, no Porto)

1995 assistiu ao aparecimento de um novo valor musical no/do Brasil. Chico César lançava o seu primeiro album (Aos vivos) e o mundo conhecia Mama Africa e À primeira vista (este tema foi o grande sucesso de Daniela Mercury, muito também por ser parte da banda sonora duma novela - O rei do gado, creio eu).

Realço as colaborações com Zeca Baleiro (Mamãe Oxum) e Né Ladeiras (Asas). Inesquecíveis.

Conheci-o, ao vivo, quando fez a primeira parte do concerto de apresentação da Daniela Mercury aos portuenses, no Coliseu. Depois, revi-o num dos festivais Músicas do Mundo, no Palácio de Cristal, em 2001. Ontem, num show-case da Fnac Santa Catarina, voltei a ter o prazer de o rever. Com um look diferente, mantendo a sua simpatia e sendo sempre muito acessível, mas com a genialidade de sempre.

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Mama África

Mama África (a minha mãe),
é mãe solteira
E tem que fazer mamadeira todo o dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira nas Casas Bahia.

Mama África, tem tanto o que fazer
Além de cuidar de neném
Além de fazer denguim
Filhinho tem que entender
Mama África vai e vem,
mas não se afasta de você

Quando Mama sai de casa,
seus filhos se olodunzam
Rola o maior jazz
Mama tem calo nos pés,
mama precisa de paz.
Mama não quer brincar mais
Filhinho dá um tempo
É tanto contratempo
No ritmo de vida de mama.

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sexta-feira, outubro 27, 2006

# CLIV - Divos - Nove - James Taylor


(Quiaios, Agosto de 2006 - O queimado da floresta, o infinito do mar)



No início dos anos 70, James Taylor chegava ao público com esta canção. Contrariamente ao que me é habitual, nunca prestei muita atenção à letra. A riqueza da melodia e o timbre vocal foram suficientes para me cativarem.

Curiosidade : esta canção esteve na origem duma das lendas urbanas dos USA.

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Fire and Rain - James Taylor

Just yesterday morning they let me know you were gone
Suzanne, the plans they made put an end to you
I walked out this morning and I wrote down this song
I just can't remember who to send it to


I've seen fire and I've seen rain
I've seen sunny days that I thought would never end
I've seen lonely times when I could not find a friend
But I always thought I'd see you again


Won't you look down upon me, Jesus, you've got to help me make a stand
You've just got to see me through another day
My body's aching and my time is at hand
And I just won't make it any other way

Now I'm walking my mind to an easy time, my back turned towards the sun
Lord knows when the cold wind blows, it'll turn your head around
There's hours of time on the telephone line to talk about things to come
Sweet dreams and flying machines in pieces on the the ground

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sábado, outubro 21, 2006

# CLIII - Divas - Treze - Mariza


(Mariza - Foto capturada da net)

Quem me tem lido já sabe do meu gosto pelo fado. Considero a Mariza um produto fabricado, o resultado de um marketing bem conseguido - isto é, com a sorte de ter tido quem soubesse como se fazem estas coisas - mas como tendo, também, muito valor. Gosto imenso de a ouvir.

Arrepiei-me quando a vi ao vivo.


Canta várias canções de uma forma tal que já são suas.
Chuva (tema do Jorge Fernando - que também a canta - o tal guitarrista da Amália que um dia teve a infelicidade de cantar aquela coisa inenarrável que dava pelo nome de Umbadá!) é dessas canções. Das que entram na classificação de perfeitas...



as coisas vulgares que há na vida
não deixam saudade
só as lembranças que doem
ou fazem sorrir
há gente que fica na história
na história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
são emoções que dão vida
à saudade que trago
aquelas que tive contigo
e acabei por perder
há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

a chuva molhava-me o rosto
gelado e cansado
as ruas que a cidade tinha
já eu percorrera
ai... o meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob a chuva
há instantes morrera
a chuva ouviu e calou
o meu segredo à cidade
e eis que ela bate no vidro
trazendo a saudade

(Jorge Fernando)










quarta-feira, outubro 18, 2006

# CLII - Amsterdam e Petra Magoni


(Feira de Artesanato, Vila do Conde, 2006)

Estive uns dias em Amsterdam. Claro que visitei, entre outras coisas, o Rosse Buurt, ou Red Light District ou, ainda, Bairro da Lanterna Vermelha. O nome advém do código usado pelas prostitutas daquela zona para anunciarem que estão ocupadas - acendem uma luz vermelha, junto da sua montra!

Há bem pouco tempo conheci uma voz nova da cena Jazzística italiana - Petra Magoni. Faz dueto com o contabaixista Ferruccio Spinetti e, juntos, têm versões muito interessantes de temas conhecidos. Uma delas é do tema de Sting/Police, Roxanne.

Nem de propósito...

Roxanne, you don't have to put on the red light

Those days are over

You don't have to sell your body to the night

Roxanne, you don't have to wear that dress tonight

Walk the streets for money

You don't care if it's wrong or if it's right

Roxanne, you don't have to put on the red light

Roxanne, you don't have to put on the red light

Put on the red light, put on the red light

Put on the red light, put on the red light

Put on the red light,

ohI loved you since I knew ya

I wouldn't talk down to ya

I have to tell you just how I feel

I won't share you with another boy

I know my mind is made up

So put away your make up

Told you once I won't tell you again

it's a bad way

Roxanne, you don't have to put on the red light

Roxanne, you don't have to put on the red light

You don't have to put on the red light

Put on the red light, put on the red light




quarta-feira, outubro 11, 2006

# CLI - E, entretanto,



(Santo Tirso, 09 Out 2006)


o olhar fixa-se nesta imagem que me inspira a ouvir a fabulosa Amália, numa interpretação pouco conhecida e por demais sublime do tema Aranjuez, mon amour

[P.S. - Ouçam com o Windows Media Player. Podem guardá-la no vosso disco. Uma prenda minha ;) ]


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Aranjuez, mon amour



Paroles: Adap: Guy Bontempelli. Musique: Joaquim Rodrigo 1967



Mon amour, sur l'eau des fontaines,
mon amour ou le vent les amènent,
mon amour le soir tombé,
qu'on voit flotté des pétales de roses
mon amour au soleil au vent
à l'averse et aux années qui vont passant
Depuis le matin de mai qu'ils sont venus
Et quand chantant, soudain ils ont écrit sur les murs
du bout de leur fusil de bien étranges choses

Mon amour, le rosier suit les traces,
mon amour sur le mur et enlace,
mon amour leurs noms gravés
et chaque été d'un beau rouge sont les roses

Mon amour, sèche les fontaines,
mon amour au soleil au vent de la plaine
et aux années qui vont passant depuis le matin de mai
qu'il sont venus la fleur au cœur,
les pieds nus, le pas lent
Et les yeux éclairés d'un étrange sourire
Et sur ce mur lorsque le soir descend
On croirait voir des taches de sang
Ce ne sont que des roses !

terça-feira, outubro 10, 2006

# CL - Em tempo de luta


(Mar do Norte, em tempo de calmaria - Agosto'06)

Em tempos conturbados, de reformas (perdas?) de Estatutos, de desconfortos, de injustiças, de manipulações da Comunicação Social, relembro o recado de um amigo de além-mar, quando soube das (nossas?) vitórias de Abril:

Tanto mar (Chico Buarque) - 1975

(1.ª versão) - Letra original, censurada; só a versão instrumental foi gravada no Brasil. A gravação - com letra editada - só foi publicada em Portugal, em 1975.

Sei que estás em festa, pá / Fico contente
E enquanto estou ausente / Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá / Com a tua gente
E colher pessoalmente / Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar / Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá /Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá / Cá estou doente
Manda urgentemente / Algum cheirinho de alecrim


(2ª Versão) - A segunda versão foi gravada no início de 1976 e refere-se ao Novembro de 1975 em Portugal e ao fim do período mais revolucionário. Penso-a algo mais adequada a estes tempos, geridos por gente de alma sinistra.

Foi bonita a festa, pá / Fiquei contente
E inda guardo, renitente / Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá / Mas certamente
Esqueceram uma semente / Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar / Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá / Navegar, navegar

Canta a primavera, pá / Cá estou carente
Manda novamente / Algum cheirinho de alecrim


A Fafá de Belém junta as duas versões numa só canção. Fica mais evidente a desilusão (porque murcharam a nossa festa!)






quinta-feira, outubro 05, 2006

# CXLIX - Há canções assim...


(Nas margens do Zêzere, em 2002)



... belíssimas! Esta versão de Jens Lekman de la strada nel bosco (cover de Cesare Andrea Bixio) é uma delas.





La strada nel bosco / Versão de Jens Lekman


Vieni / C'è una strada nel bosco

Il suo nome conosco / Vuoi conoscerlo tu


Vieni / È la strada del cuore

Dove nasce l'amore / Che non muore mai più

Laggiú tra gli alberi / Intrecciato coi rami in fior

C'è un nido semplice / Come sogna il tuo cuor


Vieni / C'è una strada nel bosco

Il suo nuome conosco / Vuoi conoscerlo tu


Un usignolo a sera sospirerà / Ed ogni fata in fronte ti bacierà

Canta il tuo cuore il bosco la ninna nanna / Mentre una culla bianca prepari tu

Laggiù tra gli alberi / Intrecciato coi rami in fior

C'è un nido semplice / Come sogna il tuo cuor


Vieni / C'è una strada nel bosco

Il suo nome conosco, / vuoi conoscerlo tu

terça-feira, outubro 03, 2006

# CXLVIII - Andamos a promover a mediocridade


(Foto em Ponte de Lima, 2006)



Enquanto formador tenho muitas vezes partilhado, com os colegas professores, uma das minhas maiores inquietações relacionadas com o nosso sistema educativo.

Este sistema educativo promove a formação de patos. Despreza as chitas, os golfinhos, as andorinhas, …

Eu explico!
Há muitos anos atrás – andava o La Fontaine no mundo, ainda – os animais decidiram escolher, de entre eles, o que melhor os representaria, em termos globais.
Promoveram as mais diversas provas, nos diferentes habitats.
A prova de corrida foi ganha pela chita. O pato teve uma participação modesta, pontuando alguma coisa assim mesmo.
Na prova de voo aconteceu algo análogo. Claro que a chita não pontuou nada, mas o pato lá foi amealhando pontos…
Quando se desenrolou a prova de natação nem a campeã dos ares, nem a da corrida, pontuaram.
Ganhou o golfinho (que nada pontuara na corrida nem na prova de voo) …
O pato, longe de ser o melhor nadador, lá foi nadando… e pontuando…

Feitos os apuramentos finais, está bom de ver quem foi eleito representante dos animais… o pato! Sem ser muito bom em coisa nenhuma, foi sendo modestamente hábil em tudo.

Esta fábula – ou algo com pretensões a tal – ilustra bem o nosso sistema de ensino. Quantos alunos muito bons em Desenho, por exemplo, deixamos – quais chitas – ficar para trás por serem uma autênticas nulidades em Matemática e/ou em Português?

Promovemos a formação de patos! Promovemos a mediocridade!

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(Excerto de "O Pato", de Wanda Sá & Menescal)

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A título de curiosidade : As chitas (ou guepardos – 110 km/h), os golfinhos (refiro-os pela graciosidade – os mais velozes são o agulhão-vela – 109 km/h - o peixe-espada que nada a 96 km/h, e o marlim, que atinge por volta de 80 km/h, e só então aparecem os golfinhos e os tubarões), as andorinhas (170 km/h)…