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[A simpatia irradiava... o talento também!]
Foi um verdadeiro encontro com Edson Cordeiro. Acompanhado apenas pelo cantor e pianista alemão Broder Kuhne, o cantor fenómeno ( segundo a crítica da BBC, a criação que resultaria duma mistura improvável de Freddie Mercury, Maria Callas e Janis Joplin!) fez desfilar perante um público quente, carinhoso e emotivo uma série de recriações, ousadas e muito bem conseguidas, de temas consagrados por divas como Edith Piaff, Dalva de Oliveira, Nina Hagen, Amália (!), ...
A irreverência marcou presença constantemente, apenas entrecortada aqui e além por momentos de entrega sentida - como quando cantou o "Avé Maria, nos seus andores...".
O espectáculo terminou da melhor maneira possível : sentado naquele palco [Raio de sala!], quase tocando no público, Edson interpretou Voz de Mulher, integrando-lhe o excerto final do famosíssimo tema Foi Deus, da Amália. Foi muito bonito ouvir grande parte da audiência fazer coro entoando:
Fez poeta o rouxinol / Pôs no campo o alecrim / Deu as flores à primavera / Ai, e deu-me esta voz a mim.
Um dos momentos altos foi este tema...
Baioque
Composição: Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão
O meu canto, punhalada, não conhece o perdão
Quando eu rio
Quando eu rio, rio seco como é seco o sertão
Meu sorriso é uma fenda escavada no chão
Quando eu choro
Quando eu choro é uma enchente surpreendendo o verão
É o inverno, de repente, inundando o sertão
Quando eu amo
Quando eu amo, eu devoro todo meu coração
Eu odeio, eu adoro, numa mesma oração, quando eu canto
Mamy, não quero seguir definhando sol a sol
Me leva daqui, eu quero partir requebrando rock'n roll
Nem quero saber como se dança o baião
Eu quero ligar, eu quero um lugar
Ao sol de Ipanema, cinema e televisão