quarta-feira, janeiro 30, 2008

# CCXXXIII - A primeira vez


[Vaya con Dios - algures da net]


Foi o primeiro CONCERTO a que assisti. No Pavilhão Infante Sagres, no Porto. Gostava da banda, sabia de cor todos os sucessos... A voz da Klein é única, o contrabaixo do Dirk Schoufs era inusitado. As letras, boas. A música, contagiante.

Memorável o concerto.

Ainda hoje, volta e meia lá torno a ouvi-los. A energizar-me, a carregar boa disposição, a trazer sol às sombras que me querem esconder...

Claro que evoluiram. E a prova é esta versão absolutamente viciante do tema incontornável da banda - Don't cry for Louie.

Don't cry for Louie
MUSIC & LYRICS: D. Schoufs/D. Schoovaerts

I gave up all my friends
My girls from out of town
Bought her what she wanted
Yet she let me down
When she saw me crying
She said I had no heart
When my heart was bleeding
She turned around and laughed


Girls don't cry for Louie
Louie wouldn't cry for you
When you walk the streets for Louie
You better do what Louie tells you to


I met Louie on a hazy morning
When the bars where closing down
He said honey I really like your prancing
You and I we'll burn this town
This woman, sir, mislead me
Hurt me in my pride
Who are you to judge me?
Who are you to take her side?
She cheated on me mister
Told me nothing but lies
I just had to teach her
Not to overstep the line

Girls don't cry over Louie
He wouldn't waste a tear on you
When you walk the streets for Louie
You ain't walking down no avenue

I met Louie on an early morning
In a sleazy part of town
I was tipsy and feeling kinda lonely
Louie offered me his arm
He said: you and I we'll burn this town
He said: you and I we'll burn this town

[Curiosamente, passados quase 20 anos, numa conversa casual - quando comprava o cd deles que traz esta versão - descubro que... este foi também o primeiro concerto a que assistiu uma amiga minha. Que também lhe povoa as memórias... Já nessa altura, estávamos próximos! IC - Bjokitas! lol ]





sábado, janeiro 26, 2008

# CCXXXII - Andar VS. Amar

.
.
.


[Bifurcam-se, também elas...as vidas]

O melhor dos poderes das canções [dos livros, dos quadros, das imagens,...] é, para mim, o de permitir a construção de leituras imperativamente pessoais. É o de imaginar histórias associadas às sensações lidas.

JP Simões já com os Belle Chase Hotel [nunca entendi a razão do sucesso relativamente baixo dessa formação genial] no tema São Paulo 451 nos remetia para o mundo do Brasil. Com o 1970 - álbum a solo - percebe-se a influência notória de autores da MPB, com destaque absoluto para Chico Buarque. A mundividência, traduzida nas canções, é o sítio do Chico.
A atitude do JP Simoes sofreu uma mudança brutal. O boémio, já tocado pelo álcool, dos Belle Chase seria o alter ego da sensibilidade que agora se revela? Mais segurança e maturidade permitem a JP estados de sobriedade em palco?
O meu assobio* caíu neste tema, uma destas manhãs. Para mim, um dos mais belos da música portuguesa recente. Fui buscá-lo...
A minha leitura desta história: Houve um relacionamento. Até viveram juntos. Um dia, ele foi-se. Para ele, mais do que a relação, acabou toda a preocupação, todo o carinho, tudo o que algum dia ela poderia representar para si. Que ela o ignore, que vá viver longe... Para ela, a ele ficou na sua vida. Não o odeia nem lhe quer qualquer mal. Até gostava de um café, de o apresentar ao novo companheiro. Será que ele quer as coisas que deixou para trás?
Os homens são de Marte e as mulheres de Vénus?


*E a música... linda!


Se por acaso (me vires por aí) - [JP Simões e Luanda Cozetti]

Se por acaso me vires por aí
Disfarça, finge não ver
Diz que não pode ser, diz que eu morri
Num acidente qualquer
Conta o quanto quiseste fazer
Exalta a tua versão
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão


E ouve-se ao fundo uma linda canção
De paz e amor


Se por acaso me vires por aí
Vamos tomar um café
Diz qualquer coisa, telefona, enfim
Eu ainda moro na Sé
Encaixotei uns papeis e não sei
Se hei-de deitar tudo fora
Tenho uma série de cartas para ti
Todas de uma tal de Dora


E ouvem-se ao fundo canções tão banais
De paz e amor


Se eu por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim


E ouve-se ao fundo uma velha canção
De paz e amor


Na sexta-feira acho que te vi
À frente da Brasileira
Era na certa o teu fato azul
E a pasta em tons de madeira
O Tó talvez queira te conhecer
Nunca falei mal de ti
A vida passa e era bom saber
Que estás em forma e feliz

E ouve-se ao fundo uma triste canção
De paz e amor.





domingo, janeiro 20, 2008

# CCXXXI - Um café concerto

.
.
.


[No Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, ontem...]




Está em força o projecto [editado] de Shahryar Mazgani, um português com nome próprio persa e nascido no Irão. O concurso internacional da prestigiada revista francesa Les Inrockuptibles classificou-os (a ele e à sua banda) como um dos vinte novos projectos europeus mais promissores do ano de 2005. Parece que dedicaram algum tempo a amadurecer a confiança em si próprios e estão na estrada a promover o álbum de estreia "song of the new heart".



Mazgani não é exactamente um puto a cantar umas coisas. Tem uma cultura notoriamente vasta, um sentido de humor afinado e percebe-se que tem ideias - além da tal sensibilidade à flor da pele que remete para universos como o de Yeats, Blake ou Cohen.



E foi com base num poema de Yeats, Mazgani compôs a canção que fica em escuta.



song of the old mother (William Butler Yeats/Shahryar Mazgani)


I rise in the dawn, and I kneel and blow
Till the seed of the fire flicker and glow;
And then I must scrub and bake and sweep
Till stars are beginning to blink and peep;
And the young lie long and dream in their bed
Of the matching of ribbons for bosom and head,
And their days go over in idleness,
And they sigh if the wind but lift a tress:
While I must work because I am old,
And the seed of the fire gets feeble and cold.










----------------------------------------------------------------------------------


P.S. - Fico a pensar "Como é que ninguém tinha feito isto antes?" quando dou de caras com coisas como a que vi no Centro Cultural Vila Flor, ontem.


Que boa maneira de promover concertos... pôr em escuta o/um álbum do artista... Bem pensado!







.
.
.


domingo, janeiro 13, 2008

# CCXXX - Inside

.
.
.


[A caminho de Guimarães, pela estrada nacional]







Há canções fantásticas, não há?
Servida com nostalgia, em sintonia com a chuva e o vaivém das ondas do mar teimando no cinzento-alma dos dias...



Poses - Rufus Wainwright


The yellow walls are lined with portraits
And I've got my new red fetching leather jacket
All these poses such beautiful poses
Makes any boy feel like picking up roses

There's never been such grave a matter
As comparing our new brand name black sunglasses
All these poses such beautiful poses
Makes any boy feel as pretty as princes

The green autumnal parks conducting
All the city streets a wondrous chorus singing
All these poses oh how can you blame me
Life is a game and true love is a trophy

And you said
Watch my head about it
Baby you said watch my head about it
My head about it
Oh no oh no oh no
Oh no oh no no kidding

Reclined amongst these packs of reasons
For to smokes the days away into the evenings
All these poses of classical torture
Ruined my mind like a snake in the orchard

I did go from wanting to be someone now
I'm drunk and wearing flip - flops on Fifth Avenue
Once you've fallen from classical virtue
Won't have a soul for to wake up and hold you

In the green autumnal parks conducting
All the city streets a wondrous chorus
Singing all these poses now no longer boyish
Made me a man ah but who cares what that it

And you said
Watch my head about it
Baby you said watch my head about it
My head about it
Oh no oh no oh no
Oh no oh no
Well you said
Watch my head about it
Baby you said
Watch my head about it
My head about it
Oh no oh no oh no
Oh no oh no no kidding





sábado, janeiro 05, 2008

# CCXXIX - Para pensar, que este ano já está a descontar...

.
.
.

[Imagens do site do Cirque du Soleil]
.
.
.
Os que dançam são loucos para aqueles que não conseguem ouvir a música...


[Raining in my heart - Robert Wyatt]