quarta-feira, maio 30, 2007

# CCIII - Tivemos tudo


(Algures da net)


Geralmente não é assim, mas acontece haver canções que me prendem pela melodia. A letra vem, porque vem quase sempre, tempos depois.
Foi assim com esta versão do Le Moribond, de Jacques Brel.
Como se de uma lição de vida se tratasse, realça o que, afinal, da vida se leva. Aquilo a que se dá deveras importância no momento da retrospectiva final...
Ouvi as versões dos Mamas and Papas, dos Nirvana, do Cat Stevens, dos Westlife...e fiquei pela mais conhecida, do Terry Jacks.



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Terry Jacks - Seasons in the sun

Goodbye to you, my trusted friend.
We've known each other since we're nine or ten.
Together we climbed hills or trees.
Learned of love and ABC's,
skinned our hearts and skinned our knees.
Goodbye my friend, it's hard to die,
when all the birds are singing in the sky,
Now that the spring is in the air.
Pretty girls are everywhere.
Think of me and I'll be there.
We had joy, we had fun, we had seasons in the sun.
But the hills that we climbed
were just seasons out of time.

Goodbye, Papa, please pray for me,
I was the black sheep of the family.
You tried to teach me right from wrong.
Too much wine and too much song,
wonder how I got along.
Goodbye, Papa, it's hard to die
when all the birds are singing in the sky,
Now that the spring is in the air.
Little children everywhere.
When you see them I'll be there.
We had joy, we had fun, we had seasons in the sun.
But the wine and the song,
like the seasons, have all gone.

Goodbye, Michelle, my little one.
You gave me love and helped me find the sun.
And every time that I was down
you would always come around
and get my feet back on the ground.
Goodbye, Michelle, it's hard to die
when all the birds are singing in the sky,
Now that the spring is in the air.
With the flowers ev'rywhere.
I whish that we could both be there.
We had joy, we had fun, we had seasons in the sun.
But the stars we could reach
were just starfishs on the beach


domingo, maio 27, 2007

# CCII - Divos - Treze - Leonard Cohen


(O poeta, o músico, o encantatório...)

Faz parte do meu imaginário musical desde sempre. Ouvi vezes sem fim o Greatest Hits, de 1975. Soube de cor cada uma das canções. Esta teima em pairar-me na cabeça, nestes últimos dias...

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Hey, That's No Way To Say Goodbye / Leonard Cohen


I loved you in the morning, our kisses deep and warm,
your hair upon the pillow like a sleepy golden storm,
yes, many loved before us, I know that we are not new,
in city and in forest they smiled like me and you,
but now it's come to distances and both of us must try,
your eyes are soft with sorrow,
Hey, that's no way to say goodbye.

I'm not looking for another as I wander in my time,
walk me to the corner, our steps will always rhyme
you know my love goes with you as your love stays with me,
it's just the way it changes, like the shoreline and the sea,
but let's not talk of love or chains and things we can't untie,
your eyes are soft with sorrow,
Hey, that's no way to say goodbye.

I loved you in the morning, our kisses deep and warm,
your hair upon the pillow like a sleepy golden storm,
yes many loved before us, I know that we are not new,
in city and in forest they smiled like me and you,
but let's not talk of love or chains and things we can't untie,
your eyes are soft with sorrow,
Hey, that's no way to say goodbye.




segunda-feira, maio 07, 2007

# CCI - Neste dia especial...


(My sweet, sweet, sweet love)

...do teu terceiro aniversário, vamos ouvir e cantar juntos a canção que gostas sempre que eu te cante?
Que tenhas um dia feliz, uma semana feliz, um ano feliz, uma vida feliz!!!

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Naquela linda manhã
estava a brincar no jardim
A certa altura a mamã
chamou-me
e disse-me assim:
Não brinques só a correr
tropeças sem querer
cais e ficas mal
respondi pronto está bem
depressa porém
esqueci-me de tal...

Não me lembro depois como foi
Escorreguei caí no chão
No joelho ficou um dói dói
No nariz um arranhão
Desde então procurei ser melhor
por ser mau fui infeliz
faço agora
tudo quanto
a mamã
me
diz.



domingo, maio 06, 2007

# CC - Mãe


(As cores que a vida tem, as cores que a vida não tem)

A minha homenagem a todas as mães. Todas... não as que pariram... as que sabem trocar olhares que são porto de abrigo para muitas crianças, as mães de coração, de entrega, de sacrifícios, de vontades, de cumplicidades, de acompanhamento, de AMOR!

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Mãe preta
(Piratini e Caco Velho)


velha encarquilhada / carapinha branca
gandola de renda / caindo na anca
embalando o berço / do filho do sinhô
que há pouco tempo / a sinhá ganhou

era assim que mãe preta fazia
criava todo branco / com muita alegria
enquanto na senzala / seu bem apanhava
mãe preta mais uma lágrima enxugava

mãe preta, mãe preta, / mãe preta, mãe preta

enquanto a chibata / batia em seu amor
mãe preta embalava / o filho branco do sinhô


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A versão menos badalada de Lameirinhas :



sábado, maio 05, 2007

# CXCIX - Divas - Vinte - Ute Lemper


(Já depois do espectáculo...)

Ontem, na Casa da Música. A diva Ute Lemper presenteou-nos (paga a preço de ouro, é certo!) com uma viagem musical ímpar (Voyage), com início nas canções berlinenses cantadas nos cabarés de há muitos anos atrás - numa época em que se trocava tudo por um pequeno cigarro - e passando pelas associadas à primeira (e depois à segunda) grande guerra mundial por todos conhecidas: Lili, Lola, ...
As canções em "yiddish" foram uma agradável surpresa. Muito melódicas e fortes. A dar outro sentido ao título da digressão: "Angels over Berlin and the World".
Falando insinuantemente, sussurrando libidinosamente, teatrializando sentidamente, cantando soberbamente! Em alemão, em francês, em inglês...
O quarteto de músicos que a acompanha é excepcional. E a diva fez jus à sua fama.
Quando caíu no reportório de Jacques Brel apresentou-o como sendo um artista maior, sofrido (Why? Why? Pourquoi? Pourquoi?), agarrou no Amsterdam duma forma fabulosa. Algumas respirações ficaram suspensas perante a sua amplitude e força vocais.
Ainda interpretou Léo Ferré, lamentando o esquecimento a que está devotado este poeta e músico. E relembrou Milord, brincando com o Vinho do Porto [Je bois trois boteilles!]
Quando terminou o espectáculo, as palmas foram de tal forma que ela acedeu ao pedido e votou ao palco. [Isto fazem todos, não é? ;)].
E o encore foi absolutamente inesquecível. Começou por assobiar uma melodia... alguns espectadores juntaram-se-lhe no assobio. Seriamos uma meia dúzia - e pareciamos muito bem ensaiados, de tal forma afinados estavamos. [Eu juro que não fui a ensaio nenhum!]. Ela silenciou..os assobios no público continuaram...foi bonito! Assobiavamos Mack the Knife, de Kurt Weill e Bertolt Brecht - da ópera dos Três Vinténs, e que o Chico Buarque traduziu para a sua Ópera do Malandro.






Ute arrancou com o Mack The Knife - o encore - e passou para o All That Jazz. Sempre neste tema, dialogou com cada um dos instrumentos, vocalizando de um jeito arrepiante. Sentou-se no banco do piano, costas com costas com o pianista. Encaixou-se na reentrância do violoncelo. Namorou a bateria. Desafiou a guitarra... e terminou, regressando ao Mack The Knife.
O público delirou.
Findo o concerto, eu e a mrp (mais os compreensivos conjuges), encetámos uma verdadeira (e bem sucedida) caça aos autógrafos.

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A Ute cantou nas duas línguas este Amsterdam do Brel, como gravou no seu cd "but one day..." . Fica a memória:

Jacques Brel - AMSTERDAM [1964]


In the port of Amsterdam
There's a sailor who sings
Of the dreams that he brings
From the wide open sea
In the port of Amsterdam
There's a sailor who sleeps
While the riverbank weeps
With the old willow tree
In the port of Amsterdam
There's a sailor who dies
Full of beer, full of cries
In a drunken down fight
And in the port of Amsterdam
There's a sailor who's born
On a muggy hot morn
By the dawn's early light


Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le coeur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant


In the port of Amsterdam
There are sailors who dance
Haunchs bursting their pants
Grinding women to paunch
They've forgotten the tune
That their whiskey voice croaks
Splitting the night with the
Roar of their jokes
And they turn and they dance
And they laugh and they lust
Till the rancid sound of
The accordion bursts
Then out to the night
With their pride in their pants
With the slut that they tow
Underneath the street lamps


In the port of Amsterdam
There's a sailor who drinks
And he drinks and he drinks
And he drinks once again
He drinks to the health
Of the whores of Amsterdam
Who have promised their love
To a thousand other men
They've bargained their bodies
And their virtue long gone
For a few dirty coins
And when he can't go on
He plants his nose in the sky
And he wipes it up above
And he pisses like I cry
For an unfaithful love
In the port of Amsterdam
In the port of Amsterdam




terça-feira, maio 01, 2007

# CXCVIII - De novo, Maria João.


(Nos bastidores, com Zé Eduardo)


Na Casa da Música. Domingo, 29 de Abril de 2007. Ainda as comemorações do 25 de Abril.

O espectáculo tinha duas partes bem distintas.

Uma -a primeira- com a Zé Eduardo Unit, revisitando o seu cd de 2004 "A Jazzar no Zeca". A banda apresentou os elementos habituais JESUS SANTANDREU (sax tenor), ZÉ EDUARDO (contrabaixo) e BRUNO PEDROSO (bateria). Tocaram pouco. Bem, mas pouco. Se calhar, era o respeito pelos dois parceiros que se seguiam...

Intervalo.

Segunda parte. Entra a dupla que foi recebida numa apoteose de aplausos, Mário Laginha e a Maria João. O piano ganha uma vida incrível naquelas mãos. Entram no reportório do Zeca Afonso. Intercalam com temas deles próprios. A Maria João não fala. Canta, gesticula com uma graciosidade única, dança, afasta-se, aproxima-se, canta...

Até que chega o tema "O meu menino é de ouro". Começa muito bem... falha-lhe a voz... tenta continuar...falha-lhe a voz... as lágrimas correm-lhe pela cara abaixo. O público emociona-se também... e bate-lhe palmas, muitas palmas... mimando-a, sentindo com ela as saudades dos tempos em que cantavam esta canção de embalar aos próprios filhos, dos tempos em que o Zeca -menino de ouro- cantava para nós...

Ela interrompe. Pede ao público que cante com ela... Recomeça, toda a canção de novo. O público junta-se à dupla ... "Levo o menino / No meu trenó / Levo o menino / No meu trenó...".

A Maria João falou então. Muito... a descontar o que não tinha dito. A contar da sua ida a casa do Zeca, com ele já doente. A contar como tomou contacto, bem mais tarde, com a sua música. Uma música linda, linda, linda... A contar das saudades, que vieram todas de uma só vez ao cantar esta canção... do Zeca, do seu próprio filho João (já com 17 anos), do tempo que lhe roubou para perseguir este seu sonho de ser cantora. E as lágrimas teimavam... nela e na audiência.

Acabamos a cantar outras do Zeca... traz outro amigo também!

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Porque a Maria João tem cd (belíssimo!) novo e porque nada tenho dela a cantar o Zeca, deixo a sua versão do tema cantado pelos Los Hermanos (sim...os da Anna Júlia!!!). Parece outra a canção...para mim, a melhor de todo o novo cd.


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A Outra [Marcelo Camelo ]

Paz, eu quero paz
Já me cansei de ser a última a saber de ti
Se todo mundo sabe quem te faz chegar mais tarde
Eu já cansei de imaginar você com ela
Diz pra mim se vale à pena, amor
A gente ria tanto desses nossos desencontros
Mas você passou do ponto e agora eu já não sei mais...

Eu quero paz
Quero dançar com outro par pra variar, amor
Não dá mais pra fingir que ainda não vi
As cicatrizes que ela fez
Se desta vez ela é senhora deste amor
Pois vá embora, por favor
Que não demora pra essa dor... sangrar