domingo, outubro 25, 2009

# CCCXXIX - Fui aos fados

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[Ana Moura, na Casa da Música, 20Out2009]


Comprando o mais recente trabalho discográfico da fadista Ana Moura, em pré-venda, na Fnac, além do digipack trazer dois temas extra, oferecia um bilhete duplo para o concerto de apresentação deste seu trabalho na Casa da Música, no Porto(ou para o dia seguinte, no Tivoli, em Lisboa).

Assim, por cerca de 17€, andei a conhecer muito bem este seu "Leva-me aos fados" e fui (muito bem acompanhado) ouver (ouvir + ver) a Ana Moura na Casa da Música.
A casa estava cheia.


O som dos instrumentos era notável. Em abono da verdade, notável demais. A voz da fadista não se realçava e, se não conhecesse de cor cada um dos temas que ela cantava, haveria muitas palavras que, simplesmente, não entenderia... como se queixou a minha companhia.
Foi agradável, contudo, este espectáculo. Eu andava ansioso por conhecer a actuação (ao vivo) da voz do fabuloso Búzios.
E foi o momento mais alto do espectáculo - aquele público, a uma só voz, e espantosamente afinado, a cantar os Búzios.


Este novo trabalho, para mim, é bem superior aos anteriores. Tem vários temas muito bons e a colaboração dos Gaiteiros de Lisboa é deliciosamente surpreendente.
Fica em partilha esse tema - Não é um fado normal - que, no espectáculo, não me pareceu muito bem aproveitado. Mas isso, sou eu que me ponho para aqui a pensar...

[P.S. - Tal como no post anterior, é possível fazer o download do mp3]




domingo, outubro 18, 2009

# CCCXXVIII - Pure beauty

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[Out'09]

Que este Outubro se nos apresente, digamos, demasiado estival é algo estranho.

No entanto, esquecida a sensação de perplexidade, podemos tirar partido de algumas coisas boas deste fenómeno como, por exemplo, deixarmo-nos encantar por um pôr-do-sol quente fora de tempo.


Se no leitor de mp3 do carro estiver a tocar o mais recente trabalho dos Pink Martini, é fácil abandonarmo-nos à beleza da paisagem, ao espanto dos arranjos deste "Piensa en mi" e ao deslumbramento permanente que é a voz da Sempre Diva Chavela Vargas...







Piensa En Mi

Si tienes un hondo penar
piensa en mi;
si tienes ganas de llorar
piensa en mi.
Ya ves que venero
tu imagen divina,
tu parvula boca
que siendo tan nina,
me enseno a besar.

Piensa en mi
cuando beses,
cuando llores
tambien piensa en mi.

Cuando quieras
quitarme la vida,
no la quiero para nada,
para nada me sirve sin ti.

P.S. - A título de prenda, se o desejar, pode fazer o download deste mp3, clicando na seta verde do player !


domingo, outubro 11, 2009

# CCCXXVII - Ilhas

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O festival de curtas metragens Tropfest é um dos mais famosos do mundo.

Começou, em 1993, num café de Sidney - o Tropicana - e é actualmente considerado como um dos melhores meios de promover a nível mundial este género de trabalhos.

Em 2008, foi este o vídeo vencedor - feito por Jason van Genderen com um telemóvel, orçamentado em cerca de 30 €, e registando imagens de duas metrópolis (Sydney e Nova York):



Este post é dedicado à B. que, num destes dias, me deixou na secretária um pequeno papel com uma frase apenas : "No man is an island".

- Conheço a frase - disse-lhe.

Então ela falou-me da autoria da frase, de outros usos da mesma, do Hemingway, ..., uma conversa rápida, de rajada, diria eu.

Curioso, como sou, fui a saber de onde conhecia a frase. E onde entraria o Hemingway...

Descobri a autoria - John Donne (1572-1631). Donne escreveu em Devotions Upon Emergent Occasions, Meditation XVII: Nunc Lento Sonitu Dicunt, Morieris :

" No man is an island entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were: any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bells tolls; it tolls for thee."


Já se percebe onde entra Hemingway. No seu afamado livro Por quem os sinos dobram, datado de 1940, em cujo parágrafo inicial se pode ler "nenhum homem é uma ilha".

P.S. - As pesquisas levaram-me mais longe... mas isso ficará para outros posts!

segunda-feira, outubro 05, 2009

# CCCXXVI - Adeus, "La Negra!"

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Mercedes Sosa, uma das maiores divas da canção, morreu ontem.


"Segundo a família, seus restos serão cremados e as cinzas, espalhadas na cidade natal de Tucumán, em Mendoza e Buenos Aires."

A sua autenticidade transparecia nas canções que interpretava. Aquele ar indígena, o abraçar dos costumes e tradições, nunca a impediram de cantar os maiores poetas da língua espanhola. Ficam inesquecíveis os seus duetos com cantores brasileiros como Beth Carvalho [Solo le pido a Dios] , Milton Nascimento [Volver a los 17], Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Gal Costa... Há cerca de dois anos esteve no espectáculo de Maria Rita.









P.S. - Vale a pena ler a comovente declaração da família da artista...