segunda-feira, setembro 29, 2008

# CCLXVIII - Paz!

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[Ar_te - em cada olhar - num mural de uma terra próxima da Figueira da Foz]


Quando conseguimos desejar a todos os que passaram pela nossa vida, com mais ou menos intensidade, e que conseguiram deixar-nos impregnada a sua marca... sentimo-nos EM PAZ!


Esta é a minha leitura da canção que hoje contigo partilho: "Quem não sabe, ensina" do Tiziano Ferro.


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Chi Non Ha Talento Insegna
Composição e interpretação: Tiziano Ferro

Arriverà stringendomi

Ed io sarò già li
E sentirò i sintomi
E non mi tradirà
Ma in fondo chi non ha talento insegna
E quindi adesso imparerò da te
Mai un briciolo di affetto
Decidere di cedere fu matto
Per me con te e

Chi si è pentito chi mi ha baciato
Buonanotte a te
Buonanotte a te
Che mi hai richiamato
e maltrattato buonanotte a te
Buonanotte a me

Riposerà tra gli angeli
Stringendo forte a sé
Il cuore e le parole e
E non come fai tu
Ma in fondo chi non ha talento insegna
E imparerò a non fare come te
3 baci dentro un letto
che poi a baciare manco sei un portento

Chi si è pentito chi mi ha baciato
Buonanotte a te
Buonanotte a te
Che mi hai richiamato
e maltrattato buonanotte a te
Buonanotte a me

Chi si è pentito chi mi ha baciato
Per chi ha sorriso, chi un poÂ’ meno
Buonanotte a te
E buonanotte a quelli come me
quelli come me





quarta-feira, setembro 24, 2008

# CCLXVII - Teremos/Seremos amigos... amigos assim?

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[Verão de 2008, tarde de piscina]

Sempre que errasse - nos amores, nas escolhas, nas decisões, ... - gostava de ter amigos assim. Dos que o Renato Russo canta, num inglês irrepreensível. A alma dos Legião Urbana, a solo.

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Renato Russo - Old Friend

Everytime I've lost another lover
I call up my old friend
And I say let's get together
I'm under the weather
Another love has suddenly come to an end

And he listens as I tell him my sad story
And wonders at my taste in men
And he wonders why I do it
And the pain of getting through it
And he laughs and says: "You'll do it again !"

And we sit in a bar and talk till two
'Bout life and love as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change

And I ask him if his life is ever lonely
And if he ever feels despair
And he says he's learned to love it
'Cause that's really all part of it
And it helps him feel the good times when they're there

And we sit in a bar and talk till two
'Bout life and love as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change

And we wonder if I'll live with any lover
Or spend my life alone
And the bartender is dozing
And it's getting time for closing
So we figure that I'll make it on my own

But we'll meet the year we're sixty-two
And travel the world as old friends do
And tell each other what we've been through
How love is rare, life is strange
Nothing lasts, people change





sábado, setembro 20, 2008

# CCLXVI - Para a Manu

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[Num azulejo da Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento, em Sto Tirso]


Quando Paulo Vanzolini escreveu este samba (Volta por cima), no ido 1962, encontrou alguma dificuldade em encontrar quem o quisesse gravar. Não o achavam muito comercial...
Mais tarde, quando foi gravado, teve tal sucesso que ficou conhecido pelo "samba do Vanzolini". Teve ainda outra responsabilidade - acrescentou ao Aurélio (o mais conhecido e respeitado dicionário do Brasil) a expressão "dar a volta por cima".

O poema do Torga fala da capacidade de renascer. O que conta é o que a cepa resguarda.


As duas referências remetem-me, uma vez mais, para a resiliência. E isso, minha querida Manu, é muito teu.




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VOLTA POR CIMA
(Paulo Vanzolini)

Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Venha lhe dar a mão
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima





Aqui, cantada pela poderosa Maria Bethânia:



sábado, setembro 13, 2008

# CCLXV - Sim ou não? Não!

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[Portão, Agosto'07]



Agradam-me os filmes que me fazem pensar. Gosto dos livros que me provocam, inquietam ou trazem acrescentos à minha mundivivência.

Com as canções, passa-se o mesmo. Deixo-me "ir" nas que contam estórias. Assim, as letras das canções merecem-me uma atenção especial. E há canções que me prendem por aí. Muitas.

A maiorias das que vinham do Brasil tinha esta característica fortemente marcada. E lembro-me das que a Bethânia cantava, das que o Chico Buarque escrevia, por exemplo, e de pensar " São mesmo letras soberbas!"

Esta que a Zélia Duncan canta cai nesse rol...

A Companheira
Luiz Tatit

eu ia saindo, ela estava ali
no portão da frente
ia até o bar, ela quis ir junto
"tudo bem", eu disse
ela ficou super contente
falava bastante,
o que não faltava era assunto

sempre ao meu lado,
não se afastava um segundo
uma companheira que ia a fundo
onde eu ia, ela ia
onde olhava, ela estava
quando eu ria, ela ria
não falhava

no dia seguinte ela estava ali
no portão da frente
ia trabalhar, ela quis ir junto
avisei que lá o pessoal era muito exigente
ela nem se abalou
"o que eu não souber eu pergunto"

e lançou na hora mais um argumento profundo
iria comigo até o fim do mundo

me esperava no portão
me encontrava, dava a mão
me chateava, sim ou não?
não

de repente a vida ganhou sentido
companheira assim nunca tinha tido
o que pinta sempre é uma coisa estranha
é companheira que não acompanha

isso pra mim é felicidade
achar alguém assim na cidade
como uma letra pra melodia
fica do lado, faz companhia

pensava nisso quando ela ali
no portão da frente
me viu pensando, quis pensar junto
"pensar é um acto tão particular do indivíduo"
e ela, na hora "particular, é? duvido"

e como de facto eu não tinha lá muita certeza
entrei na dela, senti firmeza
eu pensava até um ponto
ela entrava sem confronto
eu fazia o contraponto
e pronto

pensar assim virou uma arte
uma canção feita em parceria
primeira parte, segunda parte
volta o refrão e acabou a teoria
pensamos muito por toda a tarde
eu começava, ela prosseguia
chegamos mesmo, modéstia à parte
a uma pequena filosofia

foi nessa noite que bem ali
no portão da frente
eu fiquei triste, ela ficou junto
e a melancolia foi tomando conta da gente
desintegrados, éramos nada em conjunto
quem nos olhava só via dois vagabundos
andando assim meio moribundos
eu tombava numa esquina
ela caía por cima
um coitado e uma dama
dois na lama

mas durou pouco, foi só uma noite
e felizmente
eu sarei logo, ela sarou junto
e a euforia bateu em cheio na gente
sentíamos ter toda felicidade do mundo
olhava a cidade e achava a coisa mais linda
e ela achava mais linda ainda

eu fazia uma poesia
ela lia, declamava
qualquer coisa que eu escrevia
ela amava

mas isso também durou só um dia
chegou a noite acabou a alegria
voltou a fria realidade
aquela coisa bem na metade
mas nunca a metade foi tão inteira
uma medida que se supera
metade ela era companheira
outra metade,
era
eu
que
era



terça-feira, setembro 09, 2008

# CCLXIV - Duetos fabulosos - Mariza & Miguel Poveda

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[Ponte de Lima, Agosto'08]




Claro que o conjunto vale sempre muito mais que a soma das partes individuais... pelo menos na música. É lindíssima esta junção de vozes, de masculino e feminino, de linguas, de culturas, de estilos musicais... debaixo de um mesmo sentir.





Meu Fado Meu
Paulo de Carvalho

Trago um Fado no meu canto,
Canto a noite até ser dia
Do meu povo trago o pranto
No meu canto a Mouraria
Tenho saudades de mim
Do meu amor mais amado
Eu canto um país sem fim
O mar, a terra, o meu Fado
Meu Fado meu
De mim só me falto eu
Senhora da minha vida
Do sonho, digo que é meu
E dou por mim já nascida
Trago um Fado no meu canto
Na minh’alma vem guardado
Vem por dentro do meu espanto
À procura do meu Fado
Meu Fado meu





sexta-feira, setembro 05, 2008

# CCLXIII - Sonho ou ilusão?

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[Março, 2008]



Os céus mais escuros também se deixam atravessar pelo sol, permitindo-se rasgar por entre as nuvens e levar alguma luz e um pouco de calor aos que sobrevivem imersos em escuridões.

Que diferença abismal entre um sonho e uma ilusão...




Julieta Venegas com participação de Marisa Monte - Ilusión


Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
E que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz
Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de ser la feliz

Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue.



letra de Julieta Venegas, Ilusión



terça-feira, setembro 02, 2008

# CCLXII - Sabes pois...

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[S. Miguel, Abril de 2007]





Kátia Guerreiro - Talvez não saibas [Joaquim Pessoa]



Talvez não saibas mas dormes nos meus dedos
aonde fazem ninho as andorinhas
e crescem frutos ruivos e há segredos
das mais pequenas coisas que são minhas.

Talvez tu não conheças mas existe
um bosque de folhagem permanente
aonde não te encontro e fico triste
mas só de te buscar fico contente.


Talvez não saibas mas digo que te amo
e construí no mar a nossa casa.
Que é por ti que pergunto é por ti que chamo
se a noite estende em mim a sua asa.



Talvez não compreendas mas o vento
anda a espalhar em ti os meus recados,
e que há um pôr-do-sol no pensamento
quando os dias são azuis e perfumados.

Oh meu amor, quem sabe se tu sabes
sequer se em ti existo ou sou demora,
ou sou como as palavras, essas aves
que cantam o teu nome a toda a hora.


Talvez não saibas mas digo que te amo
e construí no mar a nossa casa.
Que é por ti que pergunto é por ti que chamo
se a noite estende em mim a sua asa.