sábado, dezembro 29, 2007

# CCXXVIII - E, para 2008, desejo...

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(Dezembro de 2007, para alguns era Natal)

Num dos cafés chiques, duma zona bem do Porto. Dezembro, frio nas ruas e tempo de Natais.

O miúdo vai percorrendo as mesas do café, deixando o olhar enorme em cada rosto que fixa. Tenta vender pensos (tentará comprar algum Natal?). Alguém mais sensível deita-se à conversa com ele. Se tem fome, pergunta-lhe. Se quer alguma coisinha para comer, insiste. Que não, que não... que só quer vender pensos. E a alma sensível quer saber o preço dos pensos. E dá-lhe a moeda pretendida - mas não quer os pensos. Conta-lhe que assim ganha a dobrar - porque pode vender depois os pensos a outros. O miúdo, do alto da sua dignidade, recusa. E obriga a alma sensível a ficar com os pensos.

Alguém aproveita a ocasião e prende para sempre aquele olhar numa foto. A sorrir para o miúdo, dá-lhe a ver o lindo que ficou. Na sua cabeça, a voz da Isabel Silvestre canta-lhe "E o menino lindo, não nasceu p´ra fazer mal".

... que não haja "soldadinhos" nestas guerras. É isso que desejo para 2008!

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A ronda do soldadinho (José Mário Branco)

Um e dois e três / era uma vez um soldadinho / de chumbo não era / como era o soldadinho / Um menino lindo / que nasceu, num roseiral / E o menino lindo / Não nasceu p'ra fazer mal / menino cresceu / Já foi à escola de sacola / Um e dois e três / Já sabe ler sabe contar / Menino cresceu / Já aprendeu a trabalhar / Vai gado guardar / Já vai lavrar e semear.

Um e dois e três / era uma vez um soldadinho / de chumbo não era / como era o soldadinho / Menino cresceu / Mas não colheu de semear / Os senhores da terra / O mandam p'ra guerra / morrer ou matar / Os senhores da guerra / Não matam, mandam matar / Os senhores da guerra / não morrem, mandam morrer / E a guerra é p'ra quem / nunca aprendeu a semear / É p'ra quem só quer / mandar matar, para roubar

Um e dois e três / era uma vez um soldadinho / de chumbo não era / como era o soldadinho / Dancemos meninos / a rosa no rodeiral / que os meninos lindos/ não nascem p'ra fazer mal / Soldadinho lindo / era o rei da nossa terra / fugiu para França / P'ra não ir morrer na guerra / Soldadinho lindo / era o rei da nossa terra / fugiu para França / P'ra não ir matar na guerra...




sexta-feira, dezembro 21, 2007

# CCXXVII - Mudamos. Não nos mudam...

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(Sombras. Espelhos? - Dez'07)

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Just as you are - Robert Wyatt & Mónica Vasconcelos

[Monica Vasconcelos]
It's that look in your eyes
Telling me lies
So many promises broken
What can I do?
What should I do?
Try to love you just as you are

'cause I'm never going to change a thing about you
Never ever going to change a thing about you
Try to love you just as you are

Should I leave, Should I stay
Should I call it a day
There's so much to say that's unspoken
In your way you've been true
But all I can do
Try to love you just as you are

'cause I'm never going to change a thing about you
No I'm never ever going to change a thing about you
Try to love you just as you are

[Robert Wyatt]
It's that look in your eyes
I know you despise me
For not being stronger
What can I do?
What should I do?
I've always loved you just as you are

And I've never tried to change a thing
Never tried to change a thing about you
Always loved you just as you are

Will you leave, will you stay?
There may come a day
When I'm weak and I'm stupid no longer
In my way I've been true
I've lived just for you
I've always loved you just as you are

I've never tried to change a thing
Never tried to change a thing about you
Always loved you just as you are








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Fixando-se profundamente na negritude daquele olhar magnético, questionou-o:

- E como saberemos se é essa a pessoa certa?

Sem por um só momento afastar o olhar envolvente, o Petit Prince - continuava a gostar que o chamasse assim - foi, como sempre, surpreendente:

- Saberás. Acredita-me.

A pausa, matematicamente premeditada, fez-se sentir como uma pedra quebrando a aparente quietude das águas mortas de um lago em hibernação.

Ainda como que sob o efeito das ondas formadas pela acção da pedra - e como as sentia, nessa noite! - ouviu-o:

- A pessoa certa para ti, nessa altura, será aquela que fará crescer em ti uma vontade incontrolável de lhe cantares o "Just as you are" do Robert Wyatt...

domingo, dezembro 16, 2007

# CCXXVI - Divas - Vinte e um - Dee Dee Bridgewater

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(Nos autógrafos, o sorriso foi quem mais reinou...)


Porto, Casa da Música. Noite de 15 de Dezembro. 2007 verte os seus derradeiros dias, mas ainda deixa ficar na sua História este encontro da Orquestra de Jazz de Matosinhos com a diva Dee Dee Bridgewater.

Muito bem disposta, muito comunicativa, muito pessoa - Logo na primeira canção conquista o público ao distrair-se... e ao dizer :

"Ooooops! Também sou humana. Também tenho os meus enganos. Podemos fazer melhor. Vamos tentar..."


E se brilharam...

Algum exagero na brincadeira de tentar dizer os nomes dos músicos. Muita simpatia. Muito Jazz. Alguma emoção... E as canções antiguinhas do Jazz ali a desfilarem perante nós. Uma eficiente Big Band, uma performer de excepção e quase (ou)víamos Ella a cantar-nos. Um scat incrível. A voz instrumento de eleição...


Que outro destino poderia ter a filha de um músico que acompanhava Dinah Washington?

Uma noite a fazer parte das (boas) noites que nos ficam na memória...Contente por mergulhar naquele mundo jazzístico fascinante. Com pena por ter a diva em frente e não ouvir as canções do J'ai deux amours e, sobretudo, as do seu maravilhoso álbum de homenagem à música do Mali, Red Heart. Um cd obrigatório para os amantes de boa música!

Dee Dee lembrou-nos (antes de cantar Georgia) um dueto que fizera com Ray Charles... Fica aqui em audição.



Precious Thing [till the next... somewhere]
Dee Dee Bridgewater & Ray Charles

Take your ring
Isn’t it strange you're always leaving things
Never mind I know this rule is not a whole
I hope I made you feel less alone
Think of me while you roam

It is no strange
But it’s more, more than just a night of fling
There are things I believe should never be told, girl no
But you’re the only one I want to hold
Cause it can get awfully cold

Precious thing
You know our love is
such a wonderful thing
You make me dizzy whispering in my ear
Send my love to the next, somewhere

Dee Dee, Keep the ring
Ain’t it funny, right
I’m always losing things
But you’re like me you’ve known roaming
I hope I made you feel less alone
Think of me as you roam

Oh, precious thing
You know our love is
such a wonderful thing
Girl, you make me dizzy whispering in my ear
It’s you my love, till the next, somewhere

You say no strings
But freedom is still as
much yours as my thing
I know promises can be hard to keep
The price I paid to
learn, oh baby was just
too steep
But my still my love runs deep

(Both)
Precious Thing
You know our love is such
a wonderful thing
You make dizzy whispering in my ear
Soon my love. Till the next…somewhere.





quarta-feira, dezembro 05, 2007

# CCXXV - Da loucura / dos loucos...


[Algures da net]





Balada do louco (1986)
Composição: Arnaldo Baptista/ Rita Lee
Interpretação: Ney Matogrosso

Dizem que sou louco / por pensar assim
Se eu sou muito louco / por eu ser feliz

Mais louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão

Mais louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal

Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu

Mais louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal

Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz....eu sou feliz