terça-feira, novembro 27, 2007

# CCXXIV - Louca?


[Algures da net]




A MI MADRE LE DECÍAN "LOCA"

A mi Madre le decían loca, pero no era loca, era profesora. Hablaba diferente. Decía: "Los ojos sirven para escuchar". Yo tenía diez años de edad. Un niño no comprende el lenguaje vertical y pensaba que quizá mi madre era loca. Cierta vez me armé de valor y le pregunté: ¿Com qué miramos? Mi madre me respondió: "Con el corazón".

Cuando mi madre se levantaba de buen humor cantaba: "Hoy me he puesto mi vestido de veinte años". Yo sabía que no tenía veinte años y la miraba, nada más. ¿Qué puede hacer un niño, sino escuchar? Si mi madre estaba triste, decia estar vestida de niebla.

"Hoy tengo ochenta años"- dijo -, cuando desaprobé un curso. Al fin pude terminar la educación primaria. El día de la clausura llegó tarde. Se disculpó diciendo: "Hijito, me demoré porque estuve buscando mi vestido de Primera Comunión, ¿No ves mi vestido de Primera Comunión?". Miré a mi madre y no estaba vestida de Primera Comunión.

Después tuvo ese accidente fatal. Me llamó a su lado, cogió fuerte mis manos y dijo: "No tengas pena, la muerte no es para siempre" . Pensé: mi madre no se da cuenta de lo que habla. Si uno muere es para siempre. Era niño y no entendía sus palabras.

Ahora tengo cincuenta años y recién comprendo sus enseñanzas. Sí, Madre. Podemos tener 20 años y al día siguiente ochenta. Todo depende de nuestro estado de ánimo. Los ojos sirven para escuchar porque debemos mirar con atención a quien nos habla. Para conocer la realidad esencial de una persona, tenemos que mirarla con el corazón. La muerte no es para siempre, sólo muere lo que se olvida y a mi madre la recuerdo porque la quiero. Ahora -en sueños platicamos- nos reímos de su método de enseñanza. Aprendí a mirar con el corazón.

Una noche me dijo: "He notado que te molestas si tus amigos te dicen "loco" y eso no está bien. Es natural que el hijo de una loca sea loco". Entonces -por primera vez- repliqué a mi madre y le dije: "Madre, te equivocas, no siempre el hijo de una loca tiene que ser loco; a veces es poeta". Por eso puedo decir con orgullo: "A mi madre le decían loca, pero no era loca, era profesora. Me enseñó a descubrir la vida después de la muerte".



Max Dextre [Abril de 1936 - Marzo de 1998] - Destacado poeta, periodista cultural y conferencista peruano.




[Extracto de Bargo Negro - Mariza, de novo]

segunda-feira, novembro 19, 2007

# CCXXIII - Desejos vãos...

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(No Douro, entardecia...)




"Mas o mar também chora de tristeza!
As árvores também, como quem reza,
erguem aos céus os braços como um crente..."
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(Florbela Espanca)
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(Mariza)

segunda-feira, novembro 12, 2007

# CCXXII - Ei-la...


(Imagem daqui)

... a melancolia feita voz, de regresso. Considerada como a mais desalinhada das nouvelle artistes , uma Madeleyne Peyroux cá do burgo, Lula Pena - voz e guitarra, sempre - brilhou no Maxime, em Lx, e vem ver-nos esta sexta-feira, no Passos Manuel, cá no Porto.

Imperdível... até porque não se sabe se (nem quando) voltará.

Se mal me pergunte... para quando o segundo disco, hein? O tal Profissão de Fé, que se seguiria a Phados? É preguicite?

Fica um pouquinho do que se ouviu no Maxime:



domingo, novembro 04, 2007

# CCXXI - Jacinta, com Zeca na sua Voz


(Uns olhos sorrindo, um sorriso espreitando...)



Em Outubro visitou-nos no novo BFlat (saudades do velhinho... sem putos em altos berros de Parabéns a você...).
Trazia a música de Zeca Afonso para nos mostrar. Já a ouvíramos a cantá-lo, em doses que sabiam a pouco, nos concertos do Daydream e do Tributo à Bessie Smith. Agora, temos um cd todo dedicado à música dele, revestida com tonalidades jazzísticas... e muito bem, diga-se.
Longe daquela menina escuteira que Portugal conheceu a cantar Ella Fitzgerald, Jacinta é uma estrela Blue Note.
Aqui, fez-se acompanhadar (de forma mais do que convincente) apenas pelo piano do Rui Caetano dando ao encontro um intimismo acolhedor.
Foi um espectáculo muito, muito agradável.
O Zeca continua (sempre) a saber a pouco...
E Jacinta continua a maravilhar-nos nos blues. Arrebatadora, quando se põe a cantar blues...
No cd, Jacinta reescreve com versos roubados aqui e ali, das canções que reinterpreta, um novo poema. Gostei da ideia. Arrisco uma composição:

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Quem te não ama não vive

Numa barquinha a dormir

vinha em sentido diferente

No quarto das danças
revelavam-se ondas.

Muito à flor das águas
umas voltam outras não

Um pouco de maresia

Ali nem o céu se calou
Chega-te à minha janela
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Para então dizer ao mundo...
Eu quero ir ao outro lado...
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Uma das minha favoritas de sempre é este Cantigas do Maio:

Eu fui ver a minha amada/Lá p'rós baixos dum jardim
Dei-lhe uma rosa encarnada/Para se lembrar de mim

Eu fui ver o meu benzinho/Lá p'rós lados dum passal
Dei-lhe o meu lenço de linho/Que é do mais fino bragal

Eu fui ver uma donzela/Numa barquinha a dormir
Dei-lhe uma colcha de seda/Para nela se cobrir

Eu fui ver uma solteira/Numa salinha a fiar
Dei-lhe uma rosa vermelha/Para de mim se encantar

Eu fui ver a minha amada/Lá nos campos eu fui ver
Dei-lhe uma rosa encarnada/Para de mim se prender

Verdes prados, verdes campos/Onde está minha paixão
As andorinhas não param/Umas voltam outras não

Refrão:
Minha mãe quando eu morrer/Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo/Ai Deus mo deu... Ai Deus mo levou